Complexo multiuso carioca combina soluções construtivas industrializadas
Objetivo foi minimizar retrabalhos e garantir assertividade ao cronograma do empreendimento Porto Atlântico Business Square
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
Entregue no segundo semestre de 2016, complexo multiuso é um dos novos empreendimentos da região do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro (Crédito: Divulgação/Odebrecht)
Com volume geral de vendas (VGV) de aproximadamente R$ 1,7 bilhão, o complexo multiuso Porto Atlântico Business Square foi entregue no segundo semestre de 2016 com potencial para se tornar um dos vetores de desenvolvimento da região do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro. A expectativa é a de que o empreendimento da Odebrecht, que ocupa dois terrenos somando 28 mil m², atraia empresas e empregos para a essa parte da cidade em processo de revitalização.
O Porto Atlântico Oeste conta com uma torre corporativa de onze pavimentos de padrão triple A. O empreendimento foi projetado pelos arquitetos do Raiar Arquitetura para receber, em uma segunda etapa,outras duas torres corporativas, completando aproximadamente 55 mil m² de área privativa. Recém finalizado, o Porto Atlântico Leste possui duas torres de hotéis, totalizando 450 quartos, uma torre corporativa triple A e um edifício com 330 salas comerciais, além de um centro comercial com 50 lojas. Os edifícios foram concebidos pelo escritório brasileiro STA Arquitetura com amplas peles de vidro, volumetria simples e linhas contemporâneas.
FACHADA UNITIZADA E BANHEIRO PRONTO
Realizar um empreendimento desse porte com soluções construtivas artesanais seria muito arriscadoEdson Kater
A construção do complexo multiuso foi cercada de desafios técnicos. O primeiro deles foi a conjuntura econômica do país quando o empreendimento foi lançado. Era um momento de forte aquecimento na construção civil carioca, com elevada competitividade e várias obras de grande porte em andamento por conta dos Jogos Olímpicos Rio 2016. “Haveria um risco alto de faltar mão de obra. Realizar um empreendimento desse porte com soluções construtivas artesanais seria muito arriscado”, conta o engenheiro Edson Kater, que foi diretor de construções da Odebrecht Realizações no Rio de Janeiro e respondeu pela construção do Porto Atlântico desde o estudo de viabilidade à entrega das últimas torres. Segundo ele, foi para cumprir as metas pré-estabelecidas de cronograma, qualidade e custo que se buscou soluções que agregassem produtividade no canteiro.
As preocupações com o planejamento eram tantas que induziram a troca do modelo estrutural dos quatro edifícios do Porto Atlântico Leste. Em vez da estrutura inteira de concreto armado como projetado originalmente, optou-se por uma estrutura mista. Os núcleos de elevadores e de escadas foram executados em concreto armado. O restante foi erguido com estrutura metálica, incluindo pilares de aço preenchidos com concreto, vigas de aço e lajes steel deck. Kater avalia que essas escolhas foram positivas não só por abreviar o tempo de montagem da estrutura, como também por proporcionarem maior assertividade geométrica, diminuindo retrabalhos e liberando rapidamente novas frentes de trabalho.
Uso de fachadas unitizadas ajudou a reduzir a mão de
obra alocada no canteiro, uma vez que os caixilhos eram
montados na indústria e chegavam à obra prontos para a
instalação, já com gaxetas, selantes e vidros
(Crédito: Divulgação/Odebrecht)
Outras soluções também ajudaram a diminuir a mão de obra alocada no canteiro. Entre elas destacam-se as vedações internas em drywall em substituição à alvenaria, e a fachada unitizada, sistema no qual os caixilhos são fabricados e montados na indústria, chegando à obra prontos para a instalação, já com gaxetas, selantes e vidros.
Segundo Kater, os 450 banheiros prontos produzidos em Goiânia, GO, e içados prontos nas torres hoteleiras foram igualmente decisivos para que a construtora conseguisse cumprir seus objetivos em relação a prazos e à quantidade de mão de obra no local da obra. Para se ter uma ideia, segundo dados da Odebrecht Realizações, o planejamento original para o Porto Atlântico Leste previa 1600 trabalhadores no pico da obra. Com os sistemas construtivos adotados esse contingente foi reduzido para 800 pessoas.
Para viabilizar a opção por essas soluções industrializadas foi realizado um investimento em equipamentos para movimentação no canteiro. Ao todo foram utilizadas quatro gruas simultâneas, além de guinchos de elevação, guindastes-aranhas e minigruas.
ACHADOS ARQUEOLÓGICOS
Núcleos de elevadores e de escadas foram executados
em concreto armado; o restante foi erguido com
estrutura metálica (Crédito: Divulgação/Odebrecht)
A fase de escavações foi especialmente crítica nas obras do Porto Atlântico. Para a execução das paredes de diafragma, por exemplo, foi preciso lançar mão de hidrofresa. O equipamento, indicado para solos resistentes, evitou a construção de uma laje de supressão com mais de 1,5 m de altura.
Outra situação que exigiu tecnologia e planejamento foi lidar com o elevado risco arqueológico da região. Escavações em todo Porto Maravilha revelaram achados importantes, em especial relacionados à memória afrodescendente na cidade. Nos terrenos do Porto Atlântico, não foi diferente. Foram encontrados âncoras e restos da estrutura de um píer, além de peças de menor tamanho. Para localizar esses achados e preservá-los, interferindo o mínimo possível no andamento das obras, foram utilizados equipamentos de mapeamento georeferenciado com scanner 3D, que capturava a imagem do solo para a análise dos arqueólogos.
REQUISITOS DE SUSTENTABILIDADE
Duas torres do Porto Atlântico Leste – a de salas comerciais e a corporativa - almejam o selo de sustentabilidade Leed (Leadership in Energy and Environmental Design) nas categorias Silver e Gold, respectivamente. Para conseguir a certificação, os edifícios contemplam uma série de medidas para reduzir o consumo de recursos naturais. Entre elas, o uso de elevadores com frenagem regenerativa, que permitem o reuso da energia térmica gerada no ato das frenagens das cabines, e a implantação de sistema para captação e a reuso de águas pluviais e águas cinzas. As envoltórias das torres do Porto Atlântico também foram especificadas buscando aliar eficiência energética à transparência. Daí o uso, nas fachadas, de vidros laminados de controle solar, com alto fator de sombreamento.
Colaboração técnica
- Edson Kater– engenheiro civil, MBA em Negócios Imobiliários na Construção Civil pela Fundação Getúlio Vargas. Foi diretor de construções da Odebrecht Realizações no Rio de Janeiro até novembro de 2016