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Contrapiso autonivelante proporciona ganho em produtividade

Por conta de sua fluidez e aderência superior, material pode ser nivelado com uma única camada, pulando etapas do processo e trazendo mais agilidade à obra

Publicado em: 28/09/2015Atualizado em: 11/03/2021

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket


O fluido escorre naturalmente e atinge a planicidade com perfeição (foto: Paulo Barros)

Os contrapisos autonivelantes, ou seja, as argamassas autoadensáveis, facilitam a execução de contrapisos sem a necessidade de vibração ou compactação manual, tornando o processo mais ágil. “A grande vantagem é que você já coloca a quantidade de produto para a altura que você precisa de uma única vez e não precisa fazer camada por camada como com a argamassa convencional”, explica a arquiteta Viviane Tomazini do escritório Itten Design, de São Paulo.

Assim como a argamassa convencional, a do contrapiso autonivelante é composta por um cimento de alto desempenho, mas a diferença está nos aditivos especiais de sua composição que controlam a viscosidade e aumentam a fluidez do material. “Isto garante um sistema autoadensável, porque a argamassa não requer vibração ou compactação manual, pois utiliza-se apenas do peso próprio e da força gravitacional para escoar e se manter homogênea, preenchendo todo o espaço”, diz a arquiteta Vânia Vilaça, especialista em projetos comerciais.

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A grande vantagem é que você já coloca a quantidade de produto para a altura que você precisa de uma única vez e não precisa fazer camada por camada como com a argamassa convencional
Viviane Tomazini 

INDICAÇÃO

O contrapiso autonivelante é indicado para ambientes internos, especialmente para espaços comerciais como supermercados, lojas e estacionamentos. “Ele oferece boa resistência mecânica”, diz Viviane Tomazini. A maioria dos fabricantes não orienta que seja aplicado em áreas externas por conta da exposição frequente a intempéries, mas alguns admitem, desde que sejam em áreas com trânsito moderado.

A arquiteta da Itten Design gosta bastante deste tipo de produto, mas prefere lançar mão dele como um artifício emergencial. Quando é uma obra com prazo mais tranquilo, ela opta pelo contrapiso comum. “Como já temos cimento e areia na obra para outras coisas, aproveitamos o mesmo material”, conta Viviane. Mas, quando surge uma urgência ou alguma alteração no prazo da obra, e precisamos instalar um porcelanato no dia seguinte, por exemplo, a solução da arquiteta é recorrer ao autonivelante. Outra indicação para este produto é quando há uma grande diferença de altura e precisa-se nivelar mais rapidamente.

APLICAÇÃO

Em primeiro lugar, a mão de obra precisa garantir que a base ou superfície que receberá a argamassa esteja íntegra e livre de resíduos. Em geral, os fabricantes orientam que se use um prime selador para vedar os poros da base e potencializar a aderência do produto. Assim como no processo convencional, a espessura da camada que será aplicada é estabelecida em função do desnível existente e é definida através do laser. “Então, mistura-se o produto com água de acordo com a quantidade estabelecida por cada fabricante”, diz a arquiteta Vânia Vilaça. “O fluido escorre naturalmente e atinge a marca do laser, com perfeito nivelamento e planicidade. Resta apenas usar um rolo quebra-bolhas para a retirada do ar que ainda restar”, completa. Em até 24 horas o contrapiso está liberado e pronto para receber o acabamento fino.

CONVENCIONAL X AUTONIVELANTE

Enquanto no sistema convencional o contrapiso normalmente é feito com argamassa seca do tipo farofa, que precisa ser espalhada, compactada com auxílio de soquete, e sarrafeada com réguas; no sistema autonivelante, como a argamassa é muito mais fluida, ela preenche todo o desnível, se ajustando naturalmente à área. “Desta forma, diminui-se a necessidade de esforços físicos ou grande capacitação técnica da mão de obra”, afirma Vânia. “No contrapiso comum você tem que por uma camadinha e ir fazendo aos poucos. Nesta, você pode colocar uma quantidade grande e ir nivelando”, completa Viviane.

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Indicamos este tipo de contrapiso quando precisamos fazer uma obra mais rápida. Mandamos o orçamento e a decisão fica por conta do cliente
Viviane Tomazini

VANTAGENS

A principal vantagem na utilização desta argamassa é a agilidade que ela agrega à execução do contrapiso, além do aumento de produtividade. “No traço aderido, a produtividade gira em torno de 100m2/dia, já com o contrapiso autonivelante, é possível fazer a mesma área por hora”, afirma a arquiteta Vânia Vilaça. Também há grande ganho de tempo no transporte vertical do material, dispensando o uso dos elevadores, já que o produto pode ser bombeado. “Assim, reduz-se o transporte dos inúmeros sacos de cimento e areia, desgaste físico da equipe e ainda libera mais espaço para armazenamento de outros materiais no canteiro de obras”, acrescenta Vânia.

Outra vantagem que merece ser repetida é o tempo de secagem. Enquanto o sistema convencional impede o trânsito de pessoas e equipamentos por cerca de três dias, o contrapiso feito com argamassa autonivelante libera a área em 24 horas. Além disso, uma característica que tem chamado muito a atenção de engenheiros e arquitetos mais conscientes é o fator ecológico. “É um produto que apresenta baixíssima emissão de substâncias orgânicas em seu processo de fabricação”, diz Viviane Tomazini. Este processo também proporciona um excelente acabamento, com uma superfície uniforme e não tão rústica.

DESVANTAGENS

A manipulação da argamassa deve ser rápida. Se não for usada dentro de 20 a 30 minutos, pode haver perda do material. Em segundo lugar, não há a possibilidade de executar desníveis e declives em ambientes de áreas molhadas, por exemplo, tornando o método inviável para cozinhas, áreas de serviço e banheiros.

O valor do produto em si também é um pouco mais caro que o material utilizado para a execução do contrapiso convencional. Segundo Viviane, a diferença é de, aproximadamente, 15%. E o preço da mão de obra praticamente não muda. “Indicamos esse tipo de contrapiso quando precisamos fazer uma obra mais rápida. Mandamos o orçamento e a decisão fica por conta do cliente”, diz a arquiteta.

Colaboraram para esta matéria

Vânia Vilaça – Arquiteta graduada no curso de Arquitetura e Urbanismo, pela Universidade São Judas Tadeu, de São Paulo, em 2004. Expertise no ramo de arquitetura comercial, com mais de 80 projetos de reforma e construção em São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Espírito Santo.
Viviane Tomazini – é formada em Design de Produto pela Universidade São Judas Tadeu. Com 15 anos de experiência no mercado, comanda a equipe de Design de Interiores da Itten Design. O escritório foi fundado por ela e sua sócia, Lilian Arévalo, em 2000 e tem foco no desenvolvimento de projetos residenciais, corporativos e para construtoras (apartamentos decorados).