Demolição por implosão é alternativa para remoção rápida de estruturas
Utilizada em áreas urbanas, técnica lança mão de explosivos e requer planejamento rigoroso
A demolição por implosão é uma solução de engenharia indicada para o desmonte de estruturas de médio e grande porte com uso de explosivos de forma controlada. A técnica prevê a implosão de pontos específicos da estrutura, fazendo com que ela entre em colapso generalizado.
Entre as vantagens associadas a essa técnica destacam-se a agilidade e o custo mais baixo, em comparação com a demolição mecânica. Em função de sua alta capacidade de destruição, a implosão é bastante empregada em situações que demandam velocidade, em edifícios, fábricas, obras de contenção e barragens, pontes e viadutos. Ela também é recomendada em construções que estão na eminência do colapso, quando não é possível manter trabalhadores em segurança para fazer uma demolição convencional.
O Estádio Castelão, em Fortaleza, o Elevado da Perimetral e o edifício Palace II, no Rio de Janeiro, são apenas alguns exemplos de obras recentes que se apropriaram dessa solução.
Implosão do antigo edifício do clube Zaglebie Lubin, na Polônia (Dziurek/ Shutterstock.com)
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IMPLOSÃO SEGURA
Realizada por empresas especializadas, a demolição com explosivos requer uma avaliação de riscos cuidadosa. A projeção de materiais, a vibração do terreno e a geração de ruídos e gases prejudiciais à saúde são alguns efeitos colaterais da implosão.
De acordo com o engenheiro Mauricio Luiz Minarini, especializado em projetos de demolição, o serviço requer, antes de tudo, um estudo cuidadoso, que detalhe os materiais empregados (explosivos, cordel, detonadores, retardos) e a segurança do entorno (proteção contra projeção de detritos, isolamento da área, aviso sonoro de início do fogo etc.). “O projeto também deve apresentar todas as linhas de fogo, traçando os pontos onde deverão ser inseridas as cargas de explosivos”, explica Minarini.
“Em uma implosão precisamos definir previamente quais pilares precisam ser detonados, a carga de explosivos a utilizar e o tempo de detonação. Também temos de saber em quais pontos realizaremos o enfraquecimento da estrutura, com o objetivo de utilizar o mínimo possível de explosivos”, acrescenta o engenheiro Fábio Bruno Pinto, diretor operacional da Fábio Bruno Construções.
Em uma implosão precisamos definir previamente quais pilares precisam ser detonados, a carga de explosivos a utilizar e o tempo de detonação. Também temos de saber em quais pontos realizaremos o enfraquecimento da estrutura, com o objetivo de utilizar o mínimo possível de explosivosFábio Bruno Pinto
Um procedimento adicional para incrementar a segurança das implosões é a simulação computadorizada, que permite, entre outras coisas, verificar se a vibração gerada pela queda da estrutura provocará danos aos prédios vizinhos.
DIFERENTES EXPLOSIVOS
Para implodir uma estrutura normalmente são utilizados explosivos gelatinosos e temporizadores não elétricos. Também podem ser empregadas espoletas eletrônicas quando se deseja minimizar a vibração e a pressão acústica.
Os explosivos diferem entre si principalmente com relação à velocidade e potência da implosão que proporcionam. Tanto é que, para destruir um pilar de ferro, a opção geralmente recai sobre o explosivo de carga moldada. Já para demolir um pilar de concreto, recorre-se a bananas de dinamite.
CUIDADOS NA CONTRATAÇÃO
Para se contratar este tipo de serviço, uma recomendação é avaliar a fundo serviços similares anteriormente realizados. A dica é procurar saber quantas implosões a empresa e o corpo técnico já realizaram anteriormente, avaliando o resultado obtido nessas oportunidades. “É fundamental que a empresa possua um técnico bláster (especializado no uso de explosivos), que será o responsável pela elaboração do plano de fogo”, sugere Maurício Minarini. Ele lembra que o controle, o estoque, o transporte e a aplicação dos explosivos devem ser detalhados antecipadamente, e a liberação para o serviço é de competência do Ministério da Defesa (Exército Brasileiro).
Dentro do canteiro, a contratante é responsável solidária pelos funcionários da demolidora, portanto deve fiscalizar sua atuação. Vale checar se a empresa está regularizada junto aos organismos de classe, como o Crea (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia). O registro da demolidora pode ajudar a evitar problemas relativos à segurança e ao cumprimento de normas.
É fundamental que a empresa possua um técnico bláster (especializado no uso de explosivos), que será o responsável pela elaboração do plano de fogoMaurício Minarini
DEMOLIÇÃO DA PERIMETRAL
Realizada na área portuária do Rio de Janeiro entre 2012 e 2015, a remoção do Elevado da Perimetral combinou diferentes tipos de técnicas de demolição. “Houve implosão de estrutura de concreto convencional e de concreto protendido, demolição convencional com máquinas e demolição com utilização de fio diamantado e guindastes”, revela o engenheiro Fábio Bruno Pinto, responsável pelo projeto e execução dos serviços.
Apenas em um dos trechos do viaduto, com 1.050 m de extensão, os engenheiros utilizaram 1.200 kg de explosivos colocados em cerca de 2.500 perfurações realizadas nos pilares. Para absorver os impactos da implosão – que durou cinco segundos –, foram empregados 2.500 colchões de pneus e areia, além de uma tela de proteção de 215 mil m² para evitar a dispersão de fragmentos.
Com 5,5 km de extensão, o Elevado da Perimetral foi construído entre os anos 1950 e 1970. A retirada da obra de arte fez parte de um projeto de reurbanização da zona portuária da capital carioca (ainda em curso), que tem entre os objetivos melhorar o tráfego na região.
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Colaboração técnica
- Fábio Bruno Pinto – Engenheiro de minas pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e diretor operacional da Fábio Bruno Construções, empresa especializada em demolições
- Mauricio Luiz Minarini – Engenheiro civil, especialista em engenharia diagnóstica e técnico em explosivos. É proprietário da Demolidora Roma e da Roma Engenharia Diagnóstica