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Dicas para projetar calçadas

Saiba quais as principais referências técnicas, como dimensionar as três faixas, garantir acessibilidade e evitar o acúmulo de água

Publicado em: 04/09/2017Atualizado em: 06/02/2018

Texto: Redação AECweb/e-Construmarket

Projetar calçadas no Brasil é uma atividade que pode variar de cidade para cidade, pois os munícipios possuem normas próprias para esse serviço. Em São Paulo, por exemplo, a Secretaria Municipal de Prefeituras Regionais (SMPR) estabelece que elas devem apresentar superfície regular, contínua, firme, antiderrapante e sem mudanças de níveis ou inclinações que tornem a circulação de pedestres difícil.

Segundo o arquiteto Benedito Abudd, um projeto ideal de calçadas deve sintetizar as regras que cada manual oferece. Das várias referências existentes, ele destaca três cartilhas: Calçada Cidadã, Passeio Livre e Calçadas Acessíveis. “Elas trabalham com aspectos que atendem a todos, desde uma criança em um carrinho de bebê a idosos ou uma pessoa com problemas de mobilidade”, justifica.

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A faixa livre de uma calçada é projetada para a circulação de pedestres (Alex Linch/ Shutterstock.com)

COMO DIMENSIONAR

Uma calçada deve ter, no mínimo, 2 m de largura. “Se tiver menos do que isso, fica complicado o dimensionamento, pois ela é composta por três faixas”, ressalta Abbud. A primeira é chamada de faixa de serviço, que fica junto à guia que desboca no leito carroçável. Com cerca de 75 cm de largura, esse espaço serve para a instalação de orelhões, postes de iluminação, lixeiras, árvores, mobiliário urbano, entre outros elementos. Segundo a SMPR, tampas de rede de água, esgoto e telefonia devem ficar livres de obstrução.

Com no mínimo 1,2 m de largura, a segunda é a faixa livre, sendo reservada para a circulação de pedestres. “Deve ser a mais plana possível, com no máximo 3% de inclinação na transversal”, orienta o arquiteto.

Por último, a faixa de acesso é a que está conectada ao lote. “Ela é utilizada para plantar cercas vivas, construir muros, instalar gradis ou arbustos para minimizar a questão da pichação”, cita Abbud. Há empreendimentos que optam por ceder parte do lote para estender a faixa livre, chamado de recuo, o que aumenta a largura da calçada para melhor circulação e conforto dos pedestres.

Nas esquinas, a recomendação é que se aumente a largura em 2 m. “Como é um lugar de acúmulo, onde as pessoas vão atravessar a via, isso prioriza o pedestre. Além disso, um piso maior dá mais conforto e ainda possibilita o plantio de mais vegetação e até a colocação de bancos”, explica Abbud.

ACESSIBILIDADE

Para assegurar a acessibilidade em calçadas, é necessário adotar características específicas no projeto. Para a faixa de travessia de pedestres, por exemplo, é imprescindível o rebaixamento das guias em forma de rampa acesso, o que permite a circulação de cadeirantes.

A SMPR recomenda evitar materiais de revestimento que sejam reflexivos e com cores ou desenhos que possam causar ilusão de ótica e insegurança. Além disso, deve-se também evitar relevos que causem trepidações para usuários de cadeiras de rodas.

É necessária, ainda, a instalação de sinalização tátil de alto relevo, que indica a direção do caminho a ser percorrido, auxiliando a locomoção de pessoas com deficiência visual ou baixa visão.

Na pavimentação permeável, a água penetra no solo e melhora a umidade relativa, o regadio de vegetação, entre outros
Benedito Abbud

DRENAGEM

Uma das alternativas para evitar o acúmulo de água nas calçadas é por meio da pavimentação permeável. “Nesse sistema, a água penetra no solo e melhora a umidade relativa, o regadio de vegetação, entre outros”, conta Abbud.

Projetar árvores nas calçadas representa outra alternativa para a drenagem da água, além de ser benéfico para o meio ambiente. De acordo com a SMPR, o plantio e o reparo das espécies competem às prefeituras, e só devem ser feitos com largura adequada, ocupando área máxima de 60 x 60 cm.

Outra opção consiste em ajardinar as faixas de acesso e de serviço de calçadas, mas somente naquelas onde o fluxo de pedestres é baixo. Denominada calçada verde, essa solução não deve contar com arbustos e outros elementos que obstruam a visão e o percurso do pedestre.

Leia também: Calçadas devem atender aos princípios do Desenho Universal

Colaboração técnica

Benedito Abbud – graduado, pós-graduado e mestre pela FAU, instituição na qual atuou como professor. Do seu escritório, já saíram mais de seis mil projetos de arquitetura paisagística em escalas que vão de residências, condomínios e bairros até cidades inteiras por todo o Brasil e outros três países. Vencedor do Prêmio Greening 2013, participou de 49 empreendimentos ganhadores do Prêmio Master Imobiliário.