Escavadeiras de rodas buscam espaço no Brasil
Fabricantes começam a importar esses modelos, que podem se deslocar em vias urbanas sem causar danos
As escavadeiras de rodas têm a mesma aplicação das suas irmãs de esteiras, mas com um diferencial decisivo: pneus que dão rapidez suficiente para elas se deslocarem por vias urbanas sem atrapalhar o trânsito nem danificar o asfalto. Isso torna esses equipamentos ideais para trabalhar em obras rodoviárias, de fundação, terraplenagem, mineração, com boa mobilidade.
Utilizadas tradicionalmente nos países europeus e norte-americanos, as escavadeiras de rodas podem transitar sem ser transportadas por carretas. “Enquanto as escavadeiras de esteira trabalham de forma estacionária, as de rodas se deslocam pelo asfalto com boa agilidade. Esse aspecto reduz custos operacionais conforme o tipo de aplicação”, explica o consultor técnico da BMC-Hyundai, Felipe Assis.
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O especialista de marketing de produtos da New Holland Construction, Rafael Ricciardi, acrescenta: “Elas fazem manobras em qualquer terreno sem danificar pisos, diferente de uma escavadeira convencional de esteiras de aço”.
No primeiro semestre desse ano, a New Holland lançou no Brasil o modelo WE190b, de 20 toneladas e caçamba com 0,8 metros cúbicos de capacidade. É designada também para trabalhar em empresas de manipulação de sucata e aplicação floresta, devido à facilidade de deslocamento e capacidade de carga. “Em algumas situações, mover-se rapidamente de uma obra para outra significa reduzir custo operacional com transporte”, diz Rafael.
Peças idênticas às escavadeiras de esteiras
A Volvo fornece no Brasil o modelo importado de escavadeira de rodas EW205D, de 20 toneladas. Todos os componentes-base dessa máquina são os mesmos da escavadeira de esteiras EC 220 fabricada pela empresa no Brasil. Isso significa boa disponibilidade de peças no mercado brasileiro, segundo afirma o gerente de segmentos de produtos da Volvo, Masashi Fujiyama.
“A escavadeira de rodas conta com um sistema hidráulico adaptado para utilização de vários implementos, além de possuir lâmina frontal, que a permite funcionar também como trator de esteiras”, conta Masashi. “As dimensões dessa máquina são regulamentadas conforme as determinações de trânsito dentro das cidades. A Volvo implementou alguns itens opcionais para que o equipamento possa ser emplacado”, informa Masashi.
No modelo WE 190b, da New Holland, a lâmina frontal e as sapatas dão a possibilidade de apoiar o chassi inferior no solo. Isso confere estabilidade necessária para maior capacidade de carga sem comprometer a segurança.
Na faixa de 20 toneladas, a BMC-Hyundai fornece o modelo R210W-95, com 20.500 quilos e caçamba com capacidade para 0,80 metros cúbicos. Esse modelo, de acordo com o consultor técnico Felipe Assis, tem como atrativos o conforto do operador, a agilidade na operação e facilidade de manuseio.
“As escavadeiras de rodas são importantes devido à agilidade na locomoção e acessibilidade. Além de evitarem danos nas rodovias ao se deslocarem são ideais para trabalhar em cidades de qualquer lugar do mundo pois não causam recalques nos solos e arquiteturas”, ressalta Felipe.
Mercado de escavadeiras de rodas ainda é incipiente no Brasil
Muitos locadores e empreiteiros brasileiros querem adequar escavadeiras a qualquer tipo de obra, quando deveriam se preocupar em calcular os custos operacionais que algumas operações podem significar. Dispor de algum modelo de escavadeira de rodas na frota significa reduzir custos com utilização de carretas pranchas para alguns deslocamentos.
Para Felipe, da BMC-Hyundai, no Brasil as escavadeiras de rodas ainda não possuem muita tradição no segmento de obras. “É necessário fazer estudos de aplicação, mostrar ao mercado as vantagens desses equipamentos e onde é possível reduzir os custos operacionais”, explica.
Apesar de ser um equipamento ainda pouco explorado no Brasil, Rafael, da New Holland, está otimista com a introdução da escavadeira de rodas no mercado e informa que a demanda já existe, mesmo que de forma tímida: “O bom potencial nos faz acreditar em um crescimento gradual nos próximos anos”, conjectura.
Masashi, da Volvo, prevê um crescimento de aplicação dessas máquinas nas obras urbanas, construção e manutenção de estradas, áreas agrícolas e construção de usinas hidrelétricas. Para ele, as escavadeiras de rodas vão ocupar parte do espaço das retroescavadeiras devido ao baixo consumo de combustível, produtividade e possuírem sistema hidráulico preparado para receber implementação, especialmente os modelos de 6 toneladas.
“Cerca de 40% das retroescavadeiras são utilizadas apenas o braço de escavação traseiro, segundo informações que obtivemos junto a locadores em campo. 60% utilizam os dois lados”, informa Masashi. “Nos países europeus é raro ver retroescavadeira trabalhando, esse equipamento é mais comum em estradas e vias urbanas”, completa.
Entre os contras atribuídos a essa máquina destaque para a incapacidade de deslocamento em solos de baixa sustentação como brejos, nem descer rampas íngremes. “Esses desafios são para as máquinas de esteiras, os pneus não têm aderência para trechos difíceis”, finaliza Masashi.
Colaboraram para esta matéria
- Felipe Assis - Consultor técnico da BMC-Hyundai
- Masashi Fujiyama - Gerente de segmentos de produtos da Volvo
Rafael Ricciardi - Especialista de marketing de produtos da New Holland Construction