Instalações elétricas aparentes em banheiros exigem material especial
Além de seguir a ABNT NBR 5410, o projeto deve empregar materiais e equipamentos com Índice de Proteção (IP) adequado a ambientes úmidos. Esse tipo de instalação não é recomendado para o litoral
Texto: Redação AECweb/e-Construmarket
(Foto: Shutterstock)
O estilo industrial chegou há alguns anos na arquitetura de interiores e ganhou, principalmente, o público jovem. Uma marca desse estilo são as tubulações elétricas aparentes, inclusive nos banheiros dos apartamentos. Mas, nem sempre foi assim. O engenheiro Samuel Tonelli, sócio-proprietário da ST Engenharia Elétrica, lembra que esse tipo de infraestrutura é muito comum em ambientes industriais, por sua praticidade e facilidade em caso de manutenção e/ou mudanças. “Agora, porém, está ganhando bastante espaço nas residências”, comenta.
Por estarem visíveis, as instalações elétricas aparentes são bem mais simples do que as embutidas. “Porém, precisamos de cuidados ao escolher os materiais específicos para garantir a segurança da instalação”, afirma, alertando: “Quando falamos de energia elétrica, todo cuidado é pouco”.
Quando falamos de energia elétrica, todo cuidado é poucoSamuel Tonelli
Normas e materiais especiais
Ao realizar um projeto com infraestrutura elétrica aparente, é fundamental seguir à risca o que diz a norma ABNT NBR 5410, dedicada à segurança em instalações embutidas e aparentes. Abordando especificamente os tubos e conexões, ela mostra que é preciso deixar espaço suficiente para a acomodação dos cabos.
“O item 6.2.11 da norma traz orientações para a instalação, inclusive sobre os eletrodutos, que devem ser seguidas. Com esse cuidado, é possível garantir a qualidade necessária, não oferecendo riscos para trabalhadores durante a instalação e nem para as pessoas que utilizarão o sistema”, destaca.
Para ambientes úmidos, é recomendado o uso de sistemas de vedação com Índice de Proteção (IP), também definido por norma. O IP é um padrão internacional definido pela Comissão Eletrotécnica Internacional (IEC), para classificar e avaliar o grau de proteção de produtos elétricos contra a entrada de objetos sólidos, poeira e água no interior dos equipamentos.
“O grau de proteção indica a resistência e a adequação dos produtos para uso em ambiente interno ou externo, instalados em áreas com uma atmosfera em condições variáveis de temperatura, umidade, ruído ou vapores tóxicos”, explica o especialista.
Por exemplo, um equipamento com grau de proteção IP20 não pode ser instalado em ambientes externos, porque não tem nenhuma proteção contra água. Corre o risco de danificar os seus componentes internos. “Ou, em outra situação, não existe a necessidade de utilizar um equipamento que possua grau de proteção IP68 em um ambiente interno”, acrescenta.
Em áreas úmidas, como banheiro, cozinha e lavanderia com instalação aparente, é preciso evitar qualquer tipo de interferência no circuito elétrico. Isso é feito com o uso de materiais com os níveis de IP corretos. “Caso contrário, há riscos diretos ao sistema, pois perdemos a proteção contra umidade e/ou poeira, o que pode levar a curtos-circuitos ou desgastes acelerados na estrutura elétrica”, alerta.
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Por motivos de segurança, a orientação é projetar e montar o conjunto elétrico com o menor número possível de tomadas e pontos de energia em banheiros com tubulação aparente. “Devemos pensar no ponto de circuito para chuveiro, um ou dois pontos de tomadas próximos à pia e os pontos de iluminação”, diz. Os produtos ideais para esse tipo de situação são as luminárias com IP44, tubulações galvanizadas (equipotencializadas com o barramento terra), tomadas e interruptores IP65.
Além de observar o grau de IP dos materiais, para que sejam seguros e com vida útil maior em ambientes úmidos, não se deve escolher os dutos pelo preço ou estética. Afinal, quanto maior o nível de proteção, maior o preço. “A questão estética é muito pessoal. Alguns se identificam, outras não gostam, pois esses dutos passam uma imagem mais rústica”, fala.
De maneira geral, as instalações aparentes não exigem adaptações no projeto do banheiro. Exceto se o local apresentar problemas estruturais que possam ser corrigidos, de maneira a viabilizar o desenvolvimento do projeto elétrico.
Erros mais comuns
“A falta de planejamento está entre os principais erros que podem ser cometidos em uma instalação elétrica aparente”, indica Tonelli. É importante, segundo ele, conhecer as condições do local onde serão montados os eletrodutos, considerando aspectos como umidade e maresia, entre outros que possam danificar a vida útil do material. As áreas litorâneas, por exemplo, não são favoráveis para o posicionamento elétrico aparente, pois a maresia acelera o processo de oxidação de componentes elétricos.
É erro comum a falta de definição do posicionamento prévio das instalações elétricas aparentes. Quando isso ocorre, existe a probabilidade de encontrar erros nas terminações elétricas, o que vai interferir na disposição das lâmpadas e tomadas ao longo da instalação. “O posicionamento correto dos eletrodutos faz parte do projeto de decoração, além de definir a localização dos interruptores, tomadas e terminações”, observa o especialista.
A falta de planejamento está entre os principais erros que podem ser cometidos em uma instalação elétrica aparenteSamuel Tonelli
Por fim, ele relata que um dos erros mais comuns em instalação elétrica aparente é exceder a quantidade de tomadas e interruptores, em geral, por desconhecimento do instalador do circuito. “É comum pensar que uma grande quantidade de tomadas e interruptores pode facilitar a vida de quem fará uso da instalação elétrica aparente. No entanto, é importante lembrar que, por ser um sistema mais sensível, é importante evitar formas que possam sobrecarregá-lo”, conclui.
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Colaboração técnica
- Samuel Vitor Tonelli – É formado Engenharia Elétrica pela Faculdade Anhanguera de Jundiaí (2018), com pós-graduação em Engenharia Eletrotécnica e em Energias Renováveis, ambas pela Universidade Anhanguera Uniderp (2019). Tem curso de especialização em Sistemas de proteção contra descargas atmosféricas e aterramento no Instituto Pablo Guimarães/AM (2021) e em Subestações em MT e AT – Instituto Mesh Engenharia (2022). É mestrando em Sistemas elétricos de potência, na Fundação Universitária Iberoamericana (Funiber). É sócio-proprietário da ST Engenharia Elétrica, atuando com energia solar fotovoltaica, projetos elétricos industriais e prediais, projetos de subestações, SPDA e aterramento, laudos e inspeções elétricas.