Intervenções ‘cirúrgicas’ para sobrevivência dos motores
Confira o que é preciso considerar ao levar um equipamento para retífica
Pane no motor significa equipamento parado e, dependendo da avaria, a saída é a troca, o que nem sempre é a opção de menor custo. Embora as montadoras forneçam motores remanufaturados - e muitos prefiram esta opção - outros optam por enviá-los para retífica.
Dados da Associação Paulista de Retífica de Motores (APAREM) mostram que a atuação das retíficas junto a construtoras corresponde a 20% da atividade, o mesmo percentual para locadoras de equipamentos para construção e mercado de empilhadeiras. Isso se justifica pelo fato das construtoras permanecerem com os equipamentos por muito tempo na frota, onde as máquinas passam por constantes processos de avaliação e manutenção. Mas o que é preciso levar em consideração antes de enviar um equipamento para uma retífica?
De acordo com as recomendações da APAREM, as retíficas bem estruturadas devem ser certificadas pelo IQA (Instituto de Qualidade Automotiva) / Inmetro. Atualmente existem mais de mil motores diferentes nacionais e importados, portanto é imprescindível ter a ficha de especificações técnicas à mão, já que cada motor possui cerca de 60 informações técnicas importantes, ou seja, mais de 60 mil especificações diferentes.
A retífica deve disponibilizar testes para verificação de trincas em cabeçotes, virabrequins e bielas, além do balanceamento eletro-eletrônico para conjunto de força, o que deixa o cliente mais seguro nas avaliações. É necessária ser feita uma equalização de altura das camisas (em motores com camisas flutuantes). Além da retífica completa, são realizados testes de montagem por técnicos especializados, que realizam o serviço dentro das normas estabelecidas pelos fabricantes.
Problemas mais comuns
A maioria dos problemas dos motores a diesel ocorre porque muitas pessoas responsáveis pela manutenção das máquinas não adotam sistema de filtragem a ar adequado, além de utilizarem óleo diesel de má qualidade e não fazerem a manutenção preventiva correta. Já os danos mais comuns nos motores da linha leve são decorrentes de combustível adulterado e borra de óleo que interrompe o fluxo de lubrificação no motor, prejudicando o cabeçote e o virabrequim, árvore de manivela responsável por toda a potência do motor e que lhe dá condições de vida útil.
Oficinas especializadas em recondicionamento de virabrequins e cabeçotes de motores a diesel explicam que o que mais funde os virabrequins é a falta de lubrificação. O óleo circula entre esse componente e o casquilho e, se alguma contaminação, sujeira ou filtro danificado atrapalhar que a bomba envie o fluído, a peça não resiste. Se os mancais do bloco não estiverem alinhados, e não houver balanceamento do virabrequim e do volante do motor, os riscos também são sérios.
Para se ter ideia, 80% dos danos no virabrequim acontecem devido à ausência de manutenção e displicência na verificação do óleo.
Por isso, os responsáveis por equipamentos não devem apenas completar o nível de óleo, mas sim realizar as trocas nos períodos estipulados rotineiramente. Quando os virabrequins são recondicionados, é sempre necessário verificar a limpeza das galerias de lubrificação do virabrequim e do bloco. Se este não for bem limpo, acumula borras de óleo velho.
Outra situação típica para se arrebentar o componente é quando o operador tenta fazer o veículo “pegar no tranco”, na falha da bateria. Isso pode não causar a quebra do virabrequim no momento, mas cria fadigas, tornando-o ineficiente.
Recuperação técnica dos virabrequins
O processo de retífica desse componente é minucioso. O primeiro passo é fazer uma análise para se obter um diagnóstico dos danos, após isso a peça passa por um processo de refundição do material e, em seguida, executa-se um procedimento denominado alívio de tensão em forno. Isso é necessário porque após a fundição, as moléculas de aço ficam transformadas e devem voltar ao normal.
Depois é feito o desbaste do material, a retífica e a nitretação, processo que restabelece a dureza do virabrequim. No final, o componente é alinhado, balanceado eletronicamente nas máquinas e polido, de forma a evitar atritos abrasivos.
Geralmente, os virabrequins saem novos das retíficas, e para não deixar o cliente sem o produto algumas empresas fornecem outro em perfeitas condições, com garantia e assistência técnica, em substituição ao defeituoso.
Os processos de “transformação” desse item são complexos, exigem técnicas apropriadas, do contrário, o serviço vai por água abaixo. A potência do motor é toda absolvida pelo virabrequim, e a remanufatura é trabalhada sem perder esse foco.
Fontes:
Pedro Luiz Arias, sócio proprietário da Retifort e presidente da Associação Paulista de Retífica de Motores (APAREM)
Luis Chain Faraj
Gerente executivo de marketing e engenharia de clientes da Cummins Brasil
Vicente Pimenta
Gerente de projetos especiais da Delphi Automotive Systems do Brasil
Marco Garcia
Gerente de teste de campo e veículos especiais da Scania
O processo de retífica desse componente é minucioso. O primeiro passo é fazer uma análise para se obter um diagnóstico dos danos, após isso a peça passa por um processo de refundição do material e, em seguida, executa-se um procedimento denominado alívio de tensão em forno. Isso é necessário porque após a fundição, as moléculas de aço ficam transformadas e devem voltar ao normal.
Depois é feito o desbaste do material, a retífica e a nitretação, processo que restabelece a dureza do virabrequim. No final, o componente é alinhado, balanceado eletronicamente nas máquinas e polido, de forma a evitar atritos abrasivos.
Geralmente, os virabrequins saem novos das retíficas, e para não deixar o cliente sem o produto algumas empresas fornecem outro em perfeitas condições, com garantia e assistência técnica, em substituição ao defeituoso.
Os processos de “transformação” desse item são complexos, exigem técnicas apropriadas, do contrário, o serviço vai por água abaixo. A potência do motor é toda absolvida pelo virabrequim, e a remanufatura é trabalhada sem perder esse foco.