Normas técnicas para sistema drywall
Saiba por que a normatização é fundamental para garantir a qualidade, o desempenho e a segurança desse sistema construtivo
Utilizar produtos não normatizados pode trazer sérios problemas para a obra (Foto: ungvar/Shutterstock)
O drywall entrega uma série de vantagens em relação a outros sistemas construtivos, como a possibilidade de proporcionar uma obra limpa com o mínimo de resíduos, maior rapidez na execução, simplicidade e eficiência na montagem, além de excelentes desempenhos térmico e acústico. No entanto, para usufruir de todos esses benefícios, é fundamental que todos os seus componentes sejam certificados e normatizados, garantindo a segurança e a eficiência do sistema.
Utilizar produtos não normatizados pode trazer sérios problemas para a obra, além de colocar em risco a segurança das pessoas nos ambientes construídos com drywall. Além dos danos estruturais, a estética também pode ser afetada por fissuras, deformações, trincas nas juntas e desprendimento das placas.
Um exemplo prático disso são os perfis metálicos. Quando não são normatizados, não existe precisão e padrão exatos, impedindo o encaixe e a fixação perfeitos entre as peçasSergio Reginato
“Um exemplo prático disso são os perfis metálicos. Quando não são normatizados, não existe precisão e padrão exatos, impedindo o encaixe e a fixação perfeitos entre as peças. Assim, a famosa ‘gambiarra’ entra em ação e todo o conjunto perde suas características vantajosas, podendo causar deformação nas aplicações e, até mesmo, desabamentos das estruturas”, explica Sergio Reginato, gestor de produtos e de marketing da Placo.
Dentre tantos transtornos, também há os riscos judiciais com a possibilidade de penalização legal envolvidos no uso de produtos não conformes. A Associação Brasileira do Drywall e a Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Materiais de Construção) alertam que comercializar componentes para drywall não normatizados é crime e esta prática pode penalizar os responsáveis de acordo com o código de defesa do consumidor.
Panorama
Apesar de o drywall já estar no país há mais de 40 anos, ainda é comum encontrar produtos fora da norma, com preços menores e de baixa qualidade, o que acaba prejudicando o desenvolvimento do sistema. “É importante ficar atento e não comprar qualquer produto. A economia será muito pouca perto dos problemas que podem ocorrer”, alerta Reginato.
Neste cenário, a elaboração de normas técnicas e regulamentações acaba sendo muito importante para garantir o crescimento e o fortalecimento desse segmento da construção. No Brasil, os textos normativos vêm sendo lançados, revisados e atualizados com uma certa frequência. Uma das normas mais recentes é a NBR 16.831 (Chapas de gesso diferenciadas para drywall – Classificação e Requisitos), de 2020, que pretende regulamentar e estabelecer requisitos quanto a qualidade e ao desempenho do produto, garantindo maior segurança ao mercado e ao sistema.
Atendendo a essa norma, a Placo, por exemplo, já oferece algumas opções de chapas como a Performa – placa que suporta a fixação de até 50 kg direto (sem necessidade de reforços) e 50% mais resistente a impacto, com capacidade para reduzir o ruído em até 50% comparada às convencionais. Há, também, as placas LEV –até 15% mais leves do que as placas standards – e Glasroc X, que possui alto desempenho e produtividade.
Outra novidade relativa à normatização é a revisão da norma NBR 15.758 (Sistemas construtivos em chapas de gesso para drywall – Projeto e procedimentos executivos para montagem), prevista para ser publicada no início de 2022, logo após sua consulta pública.
Especificação e execução cuidadosas
No caso do drywall, não só é importante empregar materiais e produtos em conformidade, mas também elaborar o projeto e adotar os procedimentos de execução dentro do que preconizam as normas disponíveisCláudio Mitidieri
Uma das formas de apresentar evidências de que tanto o projeto quanto a obra atendem aos requisitos das normas técnicas brasileiras e consideram a exigência de durabilidade da NBR 15.575 (Edificações habitacionais – Desempenho), é especificar e empregar materiais e produtos de construção conformes. “No caso do drywall, não só é importante empregar materiais e produtos em conformidade, mas também elaborar o projeto e adotar os procedimentos de execução dentro do que preconizam as normas disponíveis”, observa Cláudio Mitidieri, pesquisador sênior do Laboratório de Tecnologia e Desempenho de Sistemas Construtivos do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas).
Vale lembrar que a especificação deve ser feita conforme os requisitos exigidos para cada componente especificamente, levando em conta o sistema como um todo. Isso porque, segundo Mitidieri, os critérios mecânicos, de isolação sonora e de resistência ao fogo, dentre outros, dependem também da concepção do sistema de um modo global.
Durante a seleção dos fornecedores, deve ser verificada a existência de processos de certificação de conformidade ou de qualificação. No caso do drywall, o Programa Setorial da Qualidade (PSQ) dos Componentes para Sistemas Construtivos em Chapas de Gesso para Drywall é o principal parâmetro usado para verificar a qualificação dos fornecedores.
A relação atualizada destas empresas pode ser acessada nos seguintes endereços eletrônicos:
• Site do PBQP-H
• Site da TESIS
• Site da Associação Brasileira do Drywall
Conheça as principais normas do setor
NBR 15.758 (Sistemas construtivos em chapas de gesso para drywall – Projeto e procedimentos executivos para montagem) – formulada em 2009, oferece todas as orientações para a correta aplicação do drywall em variadas situações, devendo ser considerada desde a elaboração do projeto até a montagem do sistema na obra.
NBR 15.575 (Edificações habitacionais – Desempenho) – também conhecida popularmente como norma de desempenho, define os níveis de desempenho para componentes de edificações habitacionais ao longo de sua vida útil.
NBR 14.715 (Chapas de gesso para drywall) – garante a qualidade das chapas de gesso para drywall. Nela, estão listados os requisitos necessários a serem atendidos, além dos testes e dos métodos de ensaios pelos quais as placas devem ser submetidas.
NBR 16.831 (Chapas de gesso diferenciadas para drywall – Classificação e Requisitos) – a mais recente das normas ABNT sobre drywall, em vigor desde 2020. Lista as características que cada uma dessas placas deve ter, como, por exemplo, a necessidade de requisitos adicionais que distinguem placas resistentes à umidade e ao fogo das placas de gesso do tipo standard (ST).
NBR 15.217 (Perfilados de aço para sistemas construtivos em chapas de gesso para drywall – Requisitos e métodos de ensaio) – estabelece os requisitos e métodos de ensaio para os perfilados de aço utilizados nos sistemas drywall. É usada pelos fabricantes, sendo que o atendimento dessa norma garante a qualidade dos perfilados de aço utilizados nos sistemas construtivos drywall.
NBR 16.726 (Feltro de lã de vidro para isolamento acústico e térmico em sistemas construtivos em chapas de gesso para drywall – Requisitos e métodos de ensaio) – estabelece os requisitos e os métodos de ensaio para os feltros de lã de vidro para isolamento acústico nos sistemas drywall.
Colaboração técnica
- Cláudio Mitidieri – pesquisador sênior do Laboratório de Tecnologia e Desempenho de Sistemas Construtivos do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas).
- Sergio Reginato – gestor de produtos e de marketing da Placo.