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Por que estruturas metálicas são indicadas para construção de helipontos?

São muitos os desafios que engenheiros e projetistas enfrentam para viabilizar uma base para pouso e decolagem de helicópteros. Velocidade e facilidade de montagem são algumas vantagens dessa solução

Publicado em: 12/06/2018Atualizado em: 09/11/2018

Texto: Samuel Carvalho e Vanessa Moura

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Estruturas metálicas são ideais para helipontos sobre prédios (Foto: heikoknaack/shutterstock)

 

As bases onde helicópteros pousam e decolam, conhecidas como helipontos, são geralmente vistas no topo de arranha-céus das grandes cidades. Para garantir, com segurança, a viabilidade dessas áreas em superfícies elevadas, engenheiros e projetistas devem considerar alguns fatores, como carga adicional da aeronave, quantidade de pessoas transportadas, equipamentos para abastecimento de combustível, acessórios de combate a incêndio, além de respeitarem regras impostas por legislações municipal e nacional.

“Existem bases nos formatos quadrado, retangular e circular. Entretanto, mais de 90% dos helipontos que construímos são quadrados. Nesse formato, tanto o pouso quanto a decolagem são feitos em um único trajeto. Além disso, a área utilizada para a construção da plataforma quadrada é menor do que a do modelo circular. Essa diferença é determinante para o andamento de um projeto em locais com pouco espaço, como São Paulo”, explica o engenheiro de infraestrutura aeroportuária Carlos Freire de Andrade Lopes, lembrando que, por outro lado, a plataforma circular requer mais espaço e ainda necessita de área livre para a aproximação e decolagem da aeronave em todas as direções, nos 360°.

A melhor maneira de projetar um heliponto sobre prédios é por meio de materiais pré-fabricados, preferencialmente estruturas metálicas
Carlos Freire de Andrade Lopes

Para o engenheiro calculista Jairo Fruchtengarten, da Kurkdjian e Fruchtengarten Engenheiros Associados, a construção de um heliponto na cobertura de um prédio, onde é mais requisitado, é similar às demais obras, mas a complexidade se apresenta na viabilização. “A construção de bases de pouso e decolagem tem particularidades. Levamos em conta as características do helicóptero, o isolamento da área, o alçamento dos materiais e os meios que serão utilizados para fixar a base no alto dos prédios. Por isso, recomendamos estruturas pré-fabricadas”, diz.

Lopes também acredita que a melhor maneira de projetar um heliponto sobre prédios é por meio de materiais pré-fabricados, preferencialmente estruturas metálicas. “É uma solução mais dispendiosa porque o piso metálico precisa ser uma chapa relativamente grossa. Mas, em compensação, a montagem é muito mais rápida e prática em relação ao concreto. Os metais pré-fabricados são içados em tamanho ideal e, posteriormente, fixados. A utilização desse modelo fica ainda mais vantajosa quando o prédio já está pronto, e a circulação de pessoas é alta”, afirma Freire.

Quando a base de pouso e decolagem é construída no solo, os profissionais enfrentam os mesmos desafios – espaço, segurança e burocracia. “Além das limitações físicas, como árvores, tráfego de pessoas e automóveis, o projeto deve minimizar a presença de corpos estranhos na área, de acordo com norma estabelecida pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac)”, conclui o engenheiro de infraestrutura aeroportuária.

De olho na lei

Por ser a cidade que concentra o maior número de helicópteros do mundo, São Paulo adotou legislação rigorosa para controlar a instalação de helipontos e minimizar os ruídos. Para atender a esse propósito, foram estipulados os locais onde é permitido construir pontos de chegada e partida. As bases que estavam dentro do raio de 200 metros de escolas, creches, hospitais e clínicas foram fechadas. Com isso, foram criados corredores propícios para pousos e decolagens na capital paulista.

A construção de bases de pouso e decolagem tem particularidades. Levamos em conta as características do helicóptero, o isolamento da área, o alçamento dos materiais e os meios que serão utilizados para fixar a base no alto dos prédios
Jairo Fruchtengarten

“Basicamente, são três órgãos que fornecem o aval para a construção de helipontos. A prefeitura – o primeiro deles –, exige o estudo de impacto de vizinhança, que deve ser analisado pela Secretaria do Verde e do Meio Ambiente. Em seguida, o projeto precisa ser aprovado junto ao comando da aeronáutica, para verificar se o local da construção não interfere no tráfego aéreo dos aeroportos ou se coloca em risco outros voos. E, por último, é necessária a autorização da Anac, que vai normatizar o tamanho e as especificações do projeto, além de registrar o heliponto”, esclarece Lopes.

Novo regulamento da Anac para construção e operação de helipontos

A Anac publicou, em maio de 2018, o novo Regulamento Brasileiro da Aviação Civil (RBAC). As atualizações abrangem construção de helipontos públicos e privados, além de sua operação.

Segundo informações divulgadas pela assessoria de imprensa da agência reguladora, os interessados em construir esse tipo de base para pousos e decolagens deverão observar estritamente o RBAC, que, entre outros quesitos, estabelece padrões operacionais referentes a envio de dados aeronáuticos, características físicas das aeronaves e auxílios visuais. Agora, por exemplo, todo heliponto deve estar equipado com, no mínimo, um indicador de direção de vento (biruta), possuir sinalização horizontal de identificação e ponto de visada, exceto as bases localizadas em hospitais. Na nova legislação, não foram incluídos os helipontos que ficam em plataformas marítimas e em embarcações. O regulamento entra em vigor em 21 de novembro de 2018.

Consulte o novo regulamento da Anac

Colaboração Técnica

Carlos Freire de Andrade Lopes – engenheiro de infraestrutura aeroportuária do Escritório Técnico Carlos Freire.

Jairo Fruchtengarten – engenheiro calculista do Kurkdjian e Fruchtengarten Engenheiros Associados.