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Saiba prolongar a vida útil das perfuratrizes hidráulicas

Componentes como pinhões, rolamentos, roldanas e guias, que trabalham no front de operação desses equipamentos, merecem cuidado especial na manutenção

Publicado em: 12/01/2017Atualizado em: 13/01/2017

Texto: Redação PE


Equipamento usado na execução de estacas tem elevado desgaste mecânico (Dumy67/Shutterstock.com)

Utilizadas em operações que provocam elevado desgaste mecânico, como no estaqueamento de fundações, as perfuratrizes hidráulicas precisam de um olhar atento da equipe de manutenção. Esses equipamentos têm pontos de maior exposição abrasiva que se deterioram rapidamente, como componentes constituídos de nylon, bronze, latão ou chapas de celeron. O desgaste é decorrente dos movimentos de subida e descida da caixa que se desloca na torre durante a utilização da máquina.

A vida útil dos componentes de uma perfuratriz hidráulica depende de alguns fatores, como tipo de aplicação do equipamento, cuidado do operador, aspectos geológicos do terreno e local de operação. Dependendo das condições de uso, uma peça com vida útil de 3 mil horas pode durar apenas mil. “Em regiões litorâneas, por exemplo, a maresia e o tipo de areia formam uma espécie de lixa abrasiva que acelera o desgaste de chapas de nylon, nas esteiras e em outras partes”, esclarece Vinícius Sartori Novaes Costa, diretor industrial da CZM.

“Há outros elementos mais complexos e caros, como os pinhões que transmitem o torque para a coroa, além dos rolamentos, roldanas e guias. Eles trabalham no front de operação da perfuratriz junto com a caixa redutora de torque e precisam de atenção”, complementa Costa.

Luiz Antônio Lopes, diretor técnico da Machbert, aponta outros pontos suscetíveis a desgaste nas perfuratrizes, como o centralizador de hastes, a bucha do punho no drifter, o mangote do coletor de pó e o bocal de sucção do pó. “Se não houver cuidado na manutenção desses pontos, o resultado é a corrosão prematura na pista da torre e no carro guia do drifter, dificuldade para o embocamento do furo, risco de quebra do punho, entre outros problemas”, observa.

“A falta de manutenção reduz a eficiência de sucção do coletor de pó, causando poeira ao redor da perfuratriz, o que também encurta a vida útil dos filtros do motor e compressor. O desgaste também se estende a todas as peças que sofrem movimento sem lubrificação blindada, como pista da torre, carro guia do drifter, buchas e pinos, correntes, engrenagem das correntes”, reforça Luiz Antônio.

MANUTENÇÃO PERIÓDICA

O diretor técnico da Machbert explica que as prioridades de manutenção em perfuratrizes hidráulicas variam muito de um fabricante para outro, devido a tecnologias e projetos diferentes, assim como valores diferenciados de peças com a mesma função. “Nos equipamentos fornecidos pela Machbert, recomendamos que seja feita a abertura do drifter com mil horas de trabalho e a manutenção preventiva do motor diesel e do compressor de acordo com o manual. Os demais componentes, como buchas e pinos, devem seguir os períodos de lubrificação recomendados, com graxa de qualidade recomendada. Hoje já possível fazer essas lubrificações através de central automática, que não depende de pessoas para lubrificar ponto a ponto”, recomenda Luiz Antônio.

Costa, da CZM, concorda e recomenda lubrificação diária no cabo de aço das perfuratrizes fabricadas pela empresa e reaperto semanal dos parafusos do martelo hidráulico, sempre seguindo as recomendações do manual do equipamento. “A cada 250 horas trabalhadas, orientamos os usuários a fazer uma inspeção visual nas guias de nylon, celeron, pneus e roldanas para checar se há vazamentos ou desgastes excessivos nas peças. Com 500 horas, é necessário trocar os óleos hidráulicos, do motor e de todos os subconjuntos da perfuratriz, como caixa redutora e guinchos”, especifica.

Como algumas perfuratrizes são montadas utilizando a base de escavadeiras, a manutenção desses equipamentos deve seguir também a recomendação do fabricante. “Algumas perfuratrizes fabricadas pela CZM utilizam a base de escavadeiras da Caterpillar e Hyundai, portanto, a troca de óleo do motor segue as prescrições desses fabricantes”, exemplifica Costa.

De acordo com ele, a abertura da caixa redutora de torque deve ser feita com mil horas trabalhadas, para avaliar, limpar, retirar o óleo e verificar se há necessidade de substituir o pinhão. “Às vezes não é necessário trocar, mas é preciso avaliar. Contudo, sempre recomendamos a troca dos rolamentos nessa fase, já que são itens baratos, não valendo a pena correr o risco de eles quebrarem com o passar do tempo”, explica Vinícius.

MANUTENÇÃO PREVENTIVA X CORRETIVA

A inspeção visual deve ser feita após cada turno de trabalho, principalmente nas partes de movimento constante, como centralizador, carrossel de haste, carro guia do drifter, roldana das mangueiras, carro da roldana das mangueiras, níveis de óleo e agua dos componentes, entre outros.

O diretor industrial da CZM diz que é nítida a diferença em perfuratrizes hidráulicas que passam por manutenção preventiva eficiente, nos prazos recomendados. Além do custo operacional ser mais baixo, as peças são substituídas no momento certo, é possível programar as paradas e prever as despesas com manutenção. Já a manutenção corretiva ocorre sempre em emergências, como um fator surpresa – a máquina para repentinamente e os gastos são maiores.

“Se um rolamento quebra por não ter sido trocado antecipadamente, desencadeia novos problemas, como danos no pino da roldana e assim sucessivamente. O tempo de parada do equipamento é maior, seja para usinar uma peça ou para consertar um motor fundido, possivelmente durante a cravação de uma estaca no canteiro de obras. O tempo de mobilização do equipamento para oficina, diagnóstico da avaria e envio de peças é um fator que gera custos elevados e inesperados”, explica Costa. “Os componentes desse equipamento são projetados para ter a maior vida útil possível, desde que se trabalhe dentro das normas mundiais de cálculos das ferramentas de perfuração (haste e bits)”, informa Luiz Antônio.

CUIDADO COM ERROS DE OPERAÇÃO

Uma das recomendações para evitar problemas nos componentes da perfuratriz é, segundo o diretor técnico da Machbert, ministrar treinamentos teóricos e práticos para operadores e mecânicos. “Hoje é normal encontrar operadores com muitos anos de experiência, perfurando com base unicamente no sentimento de experiência da função, não obedecendo às normas técnicas de perfuração, nem de segurança pessoal. Já encontramos perfuratriz sem cabine, sem coletor de pó e operador trabalhando sem equipamento de proteção individual (EPI)”, relata.

Costa acrescenta que, se a máquina for forçada além do limite, sofre desgaste prematuro e gera problemas de operação. “Por isso é necessário contratar bons operadores, que conheçam de fato as potencialidades do equipamento e não tenham vícios de operação. Alguns conseguem extrair muito bem os recursos de produtividade do equipamento, fazer bom uso dos recursos tecnológicos de eletrônica embarcada e até entendem de geologia do solo”, diz o diretor industrial da CZM.

Embora existam cursos de certificação de operadores de perfuratrizes no mercado, o maior aprendizado, segundo Costa, acontece dentro das empresas usuárias desses equipamentos.

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COLABORAÇÃO TÉCNICA

Luiz Antônio Lopes, diretor técnico da Machbert
Vinícius Sartori Novaes Costa, diretor industrial da CZM