Transportar concreto requer atenção e equipamentos adequados
Com vida útil de duas horas, movimentação precisa ser estável para o concreto manter temperatura e total homogeneidade
Redação PE
Transportar concreto é uma tarefa que exige além de produtividade mecânica. Equipamentos precisam de preparo para manter as características desse insumo, seja percorrendo distâncias e enfrentando congestionamentos para abastecer obras, ou mesmo transportando dentro do próprio local de produção. Um olhar atento para um dimensionamento específico leva em conta uma série de fatores.
Em fábricas de pré-moldados e canteiros de obras, por exemplo, o concreto pode ser transportado sobre trilhos, por um carro articulado que faz a movimentação interna a partir da central de produção até ao ponto de descarga. De acordo com a coordenadora de vendas da WCH, Marina Becaro, esse é um tipo de equipamento que otimiza processos industriais com a redução de tempo e mão de obra nas operações e proporciona um melhor layout das instalações da empresa, diferenciando-se de outros métodos de transporte.
“O carro articulado se desloca sobre trilhos, numa velocidade de até 120 metros por minuto, chega ser de três a cinco vezes mais rápido que uma ponte rolante”, explica Marina. “Com movimentação estável, evita vibrações prejudiciais às características do concreto, em especial ao auto adensável”.
Ainda de acordo com ela, esse equipamento é fabricado para atender às características específicas da planta do cliente, que fornece os trilhos. “O equipamento é controlado por um operador por meio de um controle remoto ou painel de comando”, acrescenta Marina, ressaltando que a agilidade é um grande diferencial do carro articulado, por se deslocar em curvas com ângulos variados e abastecer várias linhas de concretagem em diferentes setores.
A saga dos caminhões betoneiras
As operações das autobetoneiras são diferentes das realizadas em outros veículos logísticos de carga. Como transportam concreto, que é perecível, com peso específico alto, os principais cuidados são com a dirigibilidade do veículo, principalmente nas curvas, pois o centro de gravidade da carga é alto e ela está sempre em movimento jogando peso lado a lado.
A quantidade de giros do tambor para melhor homogeneidade do concreto normalmente é fixada em 14 giros por minuto. Sendo assim, operadores das autobetoneiras, principalmente em carregamentos com centrais dosadoras, devem homogeneizar a carga antes de sua aplicação ou descarga.
“Esses equipamentos saem das concreteiras e muitas vezes podem percorrer até 20 quilômetros para entregar o concreto no destino. Em grandes centros urbanos enfrentam tráfego intenso, dificuldades de acesso e restrições de circulação”, explica Guilherme Zurita, gerente comercial de tecnologia de concreto da Liebherr. De acordo com ele, o concreto possui vida útil de duas horas e nesse tempo suas características não se alteram.
A Liebherr produz betoneiras desde 1988 e Guilherme estima uma frota de aproximadamente 6.500 unidades da marca em operação no Brasil. A betoneira Liebherr tem tanque exclusivo para uso de água. “Existem casos de equipamentos que utilizam o tanque de água como apoio na refrigeração do óleo. Isso aquece a água que será adicionada ao concreto, acelerando a cura. Quanto mais frio se mantém a temperatura do concreto, melhor se controla sua cura e sua trabalhabilidade”, explica Guilherme.
Adicionalmente, esses equipamentos da empresa contam com a possibilidade de instalação de um tanque de aditivos na lateral de cada veículo como forma de para transportar o aditivo químico correto junto com a betoneira para adição na obra ou no descarregamento. Esse aditivo, por exemplo, pode ser um retardador que manterá o concreto fresco por mais tempo.
Quanto mais vazio o tambor, melhor a mistura do concreto
Em geral, de acordo com Guilherme, quanto mais vazio o tambor e quanto mais tempo girar, melhor é a mistura do concreto. “Dessa forma, as betoneiras Liebherr têm uma boa característica de desenho, pois o tambor quando carregado com a carga nominal, tem menos de 60% de seu volume geométrico ocupado. Isso resulta num grande volume vazio, contribuindo para uma boa e rápida mistura do concreto”, diz.
O fator tempo é considerado na duração do deslocamento do veículo desde a central de concreto até a obra. Somente em trajetos muito curtos, como em obras de barragens, por exemplo, há necessidade de se girar por mais tempo o tambor até a mistura estar pronta para descarga.
“O tambor Liebherr, por ter um grande volume geométrico, além de contribuir para uma mistura melhor, permite que não ocorra derramamento de concreto durante o tráfego, especialmente em subidas. Isso melhora a produtividade, já que não há perda de material durante transporte.”, informa Guilherme.
Cuidados com a inspeção interna do tambor
Ricardo Lessa, presidente da Schwing-Stetter Brasil alerta que é preciso redobrar a atenção na inspeção visual interna do tambor. “Muitas vezes operadores sobem na área da escada de inspeção e olham para dentro do tambor criando grande perigo de acidente. Colocar água em excesso no concreto em agitação, principalmente com a utilização de centrais dosadoras, prejudica a qualidade do produto final.”, diz.
Ele explica que embora as autobetoneiras sejam equipamentos projetados para transportar concreto, no mercado tradicional e comercial são empregadas também na fabricação do concreto em centrais dosadoras. Nesse caso, também desempenham a função de misturar e fabricar o concreto pelo princípio de queda livre, o que exige bastante dos caminhões e diminui para mais da metade a vida útil das autobetoneiras.
“Essa condição de fabricação do concreto não está qualificada em nenhuma norma nacional ou internacional, somente temos informações da NRCA (National Redymix Concrete América), que sugere que o tambor da autobetoneira gire no mínimo entre 80 a 100 vezes para a obtenção de 85 % da homogeneidade deste concreto”, explica Lessa.
A SCHWING Stetter desenvolve, produz e oferece os modelos AM 7 FHC, com capacidade para 7,0 metros cúbicos, AM 8 FHC, com capacidade para 8,0 metros cúbicos e AM 10 FHC, capacidade para 10,0 metros cúbicos. Todos com os mesmos padrões de qualidade de material, tecnologia, acessórios e detalhes de segurança disponíveis nas autobetoneiras comercializadas no mercado europeu, com alteração somente no projeto de adaptação.
O modelo mais popular, que representa 80% das vendas desses equipamentos pela empresa, é o AM 8 FHC, com capacidade para 8,0 metros cúbicos, montado sobre caminhões 6x4 ou 8x4, com potência mínima do motor de 280 cv. “Porém, nos últimos anos a oferta de caminhões maiores despertou a procura por autobetoneiras de 10,0 m3 montadas sobre veículos com versão mínima 8 x 4 e capacidade mínima de potencia de 330 cv”, diz Ricardo Lessa.
A betoneira Liebherr HTM 804, com carga nominal de 8 metros cúbicos, é o modelo mais comercializado pela empresa no Brasil. De acordo com Guilherme Zurita, a empresa mantém uma política de desenvolvimento contínuo do produto, mas não tem equipamentos que mudem radicalmente de um ano para outro, nos moldes do mercado automotivo.
“Em 2015, a Liebherr concentrou avanços e melhorias nas betoneiras apresentadas nas feiras de M&T Expo e Concrete Show. Os desenvolvimentos foram aplicados em melhorias funcionais – sistema de refrigeração, facelift e melhorias visuais, desenvolvimento de sistemas internos, como elétricos, dentre outros”, arremata Guilherme.
Dicas essenciais para a limpeza do tambor
- Limpeza interna: a Liebherr recomenda que é preciso adicionar água a cada descarregamento de concreto. Essa água precisa ser agitada durante o percurso de retorno do veículo para a central de concreto. Esse procedimento é importante para evitar que resíduos grudem nas superfícies internas da betoneira.
- Limpeza externa: sempre lavar o equipamento a fim de evitar que o concreto grude nas superfícies. Essa lavagem dever ser feita com água ou detergentes que não agridam a pintura da betoneira e do caminhão. No caso de resíduos secos, já aderidos à betoneira, o procedimento deve ser de aplicação de solução ácida com pano no local.
- A falta de limpeza interna do tambor ocasiona placas e pedras de concreto aderidas à superfície. Essas pedras reduzem a eficiência do tambor como misturador e atrapalham a produtividade, já que o tambor passa a levar carga morta.
- A Schwing alerta para a limpeza, principalmente para manter a qualidade das hélices de agitação, pois um tambor com concreto aderido à superfície interna do tambor ou hélice desgastada prejudica diretamente na agitação da mistura.
Colaboraram para esta matéria
Guilherme Zurita - Gerente comercial de tecnologia de concreto da Liebherr
Marina Becaro - Coordenadora de vendas da WCH
Ricardo Lessa - Presidente da Schwing-Stetter Brasil