Como se destacar em um programa de trainees na construção?
Conhecimento sobre a empresa, disposição ao aprendizado contínuo e facilidade de comunicação são trunfos em programas de trainees de construtoras e incorporadoras. Confira também 5 erros que não devem ser cometidos
Nesta etapa da jornada profissional, mais do que provar conhecimento técnico ou experiência, candidatos devem demonstrar potencial, interesse e comprometimento (Foto: Shutterstock)
Com o mercado de trabalho ainda retraído, conseguir uma boa oportunidade em uma grande empresa na construção civil não é tarefa das mais simples para os jovens profissionais.
E não são todas as incorporadoras e construtoras que investem, por exemplo, em programas de trainees. O mercado ainda é muito pulverizado no Brasil e as pequenas e médias empresas costumam preferir métodos mais simples e diretos de contratação.
Isso não significa, entretanto, que não existam oportunidades de atuar como trainee na área. Para identificá-las, você deve estar atento aos sites das grandes empresas e ficar de olho nos prazos e nas providências necessárias para participar dos processos seletivos.
Ao organizar um programa desse tipo, o objetivo da empresa costuma ser recrutar, desenvolver e reter talentos, com capacidade de desenvolvimento para assumir posições estratégicas no futuro.
Espera-se que a postura seja condizente com a cultura da empresa, demonstrando conhecimento sobre a atuação, os projetos, objetivos e os resultados da companhiaThais Rocha Ferreira
“Todo o programa é desenhado e acompanhado para que, a médio e longo prazo, tenhamos os resultados desejados. E isso começa desde a concepção da ideia do programa, passando por todas as etapas”, afirma Thais Rocha Ferreira, coordenadora de desenvolvimento humano na MRV&CO, companhia que já realizou mais de 10 edições do programa de trainees.
Há programas, entretanto, com outras metas, como é o caso do Grupo HTB. Lá, não há seleção externa. Os participantes já são estagiários ou jovens profissionais da construtora. “O objetivo é que eles incorporem uma visão macro e integrada de todos os processos da empresa”, afirma Ana Paula Chagas Pinheiro, da HTB.
O programa costuma durar 18 meses e os profissionais são constantemente avaliados. Aqueles que se destacam recebem uma premiação. Não há compromisso prévio da HTB nesse sentido, mas há chances também de promoção, a depender da performance no dia-a-dia e da avaliação em todo o ciclo de aprendizado.
Seja o processo externo ou interno, um programa de trainee constitui uma oportunidade para jovens profissionais que almejam se desenvolver e aspirar novas colocações.
Mas o que as empresas costumam valorizar nesse processo? Como se destacar nessa jornada? Confira a seguir 5 competências e habilidades valorizadas e 5 erros que não devem ser cometidos durante o programa.
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES VALORIZADAS
1) Conhecimento sobre a empresa
Estudar o histórico, o propósito, a missão e os objetivos da companhia na qual se pretende atuar é um requisito básico. “Quem chega às etapas finais desse tipo de processo, em geral, já teve a oportunidade de participar de uma pequena imersão na empresa, com diferentes pessoas e setores”, afirma Thais, da MRV&CO. “Espera-se que a postura seja condizente com a cultura da empresa, demonstrando conhecimento sobre a atuação, os projetos, objetivos e os resultados da companhia”, completa.
2) Habilidade de comunicação
Aspirar um cargo técnico em uma construtora ou incorporadora não exime o jovem profissional de saber escrever e se comunicar bem. Pelo contrário. A capacidade de dialogar com outros profissionais da companhia, fornecedores e prestadores de serviços é cada vez mais valorizada. E, caso seja uma pessoa tímida, não se engane: é possível treinar, sim, tais habilidades. Será mais desafiador do que para alguém naturalmente desinibido, mas nada impossível.
Valorizamos o desenvolvimento individual e acreditamos na cultura corporativa que estimula o comprometimento das pessoasAna Paula Chagas Pinheiro
3) Comprometimento e senso de dono
Se há um preconceito que paira no mercado em relação às novas gerações é sobre uma possível falta de determinação, volatilidade ou ausência de compromisso. Equivocada ou não, tal visão está por aí e a melhor resposta para liquidá-la é provar que não se aplica no seu caso. Para um setor como a construção, sem local fixo de produção e com sucessivos projetos temporários, o chamado ‘senso de dono’ é ainda mais valorizado. A mentalidade do profissional de pensar e agir como se fosse acionista da empresa o eleva para um outro nível de comprometimento com os objetivos da companhia.
4) Liderança e trabalho em equipe
Já ouviu falar de algum projeto, empreendimento ou obra cuja gestão não passou pela interação constante com diferentes tipos de pessoas? Incorporação imobiliária e construção civil dependem, cada vez mais, de profissionais especializados, empresas subcontratadas, prestadores de serviços e uma extensa cadeia de fornecedores. Em resumo: saber liderar equipes próprias e terceirizadas é uma competência muito bem avaliada. O gestor precisa ter humildade e saber ouvir, mas também deve ter sua voz escutada – sem grito nem truculência, de forma natural, com base no respeito e na credibilidade conquistada junto aos times. Isso vale muito.
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5) Capacitação e atualização constante
O profissional deve buscar sempre novos conhecimentos para construir um perfil dinâmico e arrojado. Não há inovação sem capacitação e atualização contínua. As empresas sabem que contratar um profissional desatualizado é muito mais complicado do que um inexperiente, pois vivência se ganha com o tempo e a acomodação é mais difícil de ser revertida.
“Valorizamos o desenvolvimento individual e acreditamos na cultura corporativa que estimula o comprometimento das pessoas”, afirma Ana, do Grupo HTB. Por isso, são mandatórios o aprendizado contínuo e o aprofundamento teórico e prático em relação às principais tendências do mercado. Se tal predisposição não for captada pelos recrutadores, a chance de êxito diminui muito.
ERROS EM UM PROGRAMA DE TRAINEE
Vimos o que costuma ser valorizado em um programa de trainees. Mas e o que não deve ser feito, em hipótese alguma?
1) Currículo enganoso: não coloque informações duvidosas ou falsas no CV (curriculum vitae). Inclua somente o que é possível comprovar;
2) Atrasos: nunca deixe de chegar no horário combinado. Caso seja uma videoconferência, certifique-se com antecedência de que a conexão está boa;
3) Desconhecimento da empresa: não subestime a importância de conhecer a companhia em profundidade. Isso demonstra respeito, profissionalismo e interesse;
4) Discurso decorado: esqueça isso. É fácil de notar e o fato de não ser natural vai contar contra você. Demonstra insegurança e desconhecimento;
5) Postura inadequada: se você já estudou e conhece a cultura da empresa, procure agir e ter uma postura compatível. Não há uma única forma de se comportar. Por exemplo: o ambiente em uma empresa centenária, que valoriza tradições e conquistas do passado, pode ser muito diferente do que em uma startup recém-fundada, que privilegia criatividade e inovação. Procure se adaptar.
Carreira: qual é a sua sugestão de tema para o nosso espaço dedicado aos profissionais de Engenharia Civil, Arquitetura e Construção?
Colaboração técnica
- Ana Paula Chagas Pinheiro – Analista de recursos humanos do Grupo HTB, é formada em psicologia com pós-graduação em psicodrama pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Participa da organização do programa de trainees da HTB Engenharia e Construção. Já atuou também com educação corporativa, treinamento e desenvolvimento.
- Thais Rocha Ferreira – Formação em psicologia e pós-graduação pela Pontifícia Universidade Católica da Minas Gerais. Coordenadora de desenvolvimento humano da MRV&CO, possui experiência em todo processo de recrutamento e seleção de pessoal, começando por vagas operacionais até as posições mais estratégicas da empresa. Responsável pelo acompanhamento do programa de portas de entrada, apoio nas demandas de diversidade, inclusão, e marca empregadora.