Dia 19 de julho de 2013 será um dia importante para a Construção Civil do Brasil. A partir deste dia, todo o projeto residencial que for protocolado na Administração Pública deverá atender à ABNT-NBR 15.575/2013, a Norma de Desempenho. Trata-se de um marco, não tenham dúvidas, e que provocará efeitos favoráveis para o setor da Construção Civil no médio e longo prazo. O efeito desta norma será mais positivo ainda se a utilizarmos pensando que seus efeitos vão além da melhoria de parâmetros prescritivos e da questão do desempenho da obra propriamente dita e poderão ser sentidos, também, em produtividade, inovação e segurança no trabalho.
Matéria publicada no jornal Valor de 11 de julho mostra que para que o PIB brasileiro continue a crescer, a partir de agora, as taxas superiores a 3% anuais dependerão cada vez mais da produtividade e menos “dos efeitos da demografia sobre a oferta do trabalho”. A matéria se pauta em estudo dos pesquisadores Regis Bonelli e Julia Fontes, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Inbre), o qual alerta que a população brasileira deixará de crescer a partir de 2040, com a consequente redução da População em Idade Ativa para o trabalho (PIA), aquela com idade de 10 anos ou mais, e o declínio também da População Economicamente Ativa (PEA).
Em resumo, “força de trabalho e emprego (a taxa de desemprego hoje é de apenas 5,8%) não têm como aumentar muito nos próximos anos, o que coloca um peso grande nos ganhos de produtividade como maneira de levantar o PIB”. A produtividade no país é baixa, de forma generalizada, e os setores que experimentaram grande crescimento econômico nos últimos anos são justamente aqueles, exceção feita ao da agropecuária, onde os índices de produtividade são dos mais baixos. Caso notório, citam os pesquisadores, é o da Construção Civil, que tem muito peso no PIB, muita mão de obra e pouco crescimento de produtividade.
Quando se investe em projetos mais completos e com melhor conteúdo, que deixam claro a especificação do que será utilizado na construção do empreendimento e como está se investindo diretamente em produtividade, menos tempo posteriormente à fase de projeto será dedicado à dúvidas e questionamentos e mais à contratação, compra e execução, que é o que realmente conta para a progressão do cronograma. Mais ainda, projetos com melhor conteúdo passaram, necessariamente, por um processo amplo de discussão entre os diversos atores envolvidos, o que garante maior facilidade de sua assimilação no canteiro de obras com reflexos diretos na produtividade.
Note-se que nem se tratou aqui de utilizar ou não solução inovadoras ou industrializadas, o raciocínio anterior vale para qualquer tipo de sistema construtivo a ser adotado. No post “Para mudar, vote transformação” tratou-se da inserção da mão de obra no canteiro de obras por meio dos tempos e pontuamos que, também, sem pensar especificamente em segurança e saúde do trabalho, a escolha bem pensada de materiais e sistemas construtivos tem reflexo positivo na melhoria da qualidade de vida do operário dentro do canteiro, com reflexos favoráveis para ele, especificamente, e para a obra como um todo. A matéria do Valor, citada nos primeiros parágrafos, não é a primeira que, tratando de produtividade da economia brasileira, cita a Construção Civil como um dos calcanhares de Aquiles para o crescimento do PIB. Já é hora, portanto, do empresário da Construção Civil pensar que suas escolhas têm reflexo direto no crescimento da economia do Brasil e acaba impactando seu próprio negócio. Afinal, se o Brasil crescer pouco e a baixa produtividade ajudar a emperrar o processo, menos irá se construir e, se menos construir-se, menos construtoras serão necessárias. No dia 19 de julho, brindemos todos à chegada de uma nova era!