O governo federal, ao lançar um programa habitacional que pretende construir 1 milhão de moradias em dois anos, precisa lembrar que, para superar esse imenso desafio, necessita recorrer à racionalização construtiva ao máximo, para ganhar escala, produzir edificações duráveis, com qualidade e a baixo custo. Nesse sentido, um dos sistemas construtivos mais adequados é o que utiliza a alvenaria estrutural com blocos de concreto. Flexibilidade, modularidade, componentes industrializados, normalização completa e custos extremamente competitivos caracterizam a alvenaria estrutural com blocos de concreto.
O sistema vem sendo empregado e desenvolvido no Brasil desde os anos 1970, atingindo atualmente patamar de qualidade e ótima relação custo-benefício, que começam já no projeto arquitetônico, de dimensionamento estrutural e de instalações, específicos para esse sistema. A alvenaria estrutural com blocos de concreto, como o próprio nome diz, dispensa a necessidade de executar pilares e vigas - os blocos já compõem a estrutura de uma casa ou de um prédio. Sua flexibilidade permite o emprego tanto na construção de moradias supereconômicas como de prédios de alto padrão. O desenvolvimento técnico do sistema inclui completa normalização dos materiais (blocos), produzidos com garantia de resistência e uniformidade, por exemplo, como dos serviços envolvidos (projeto, construção da estrutura, execução de instalações e acabamento).
Sua modularidade - blocos produzidos em dimensões que permitem erguer paredes com instalações já previstas (blocos específicos para passagem de instalações hidráulicas e elétricas, evitando o retrabalho, a quebra de paredes, entre outras exigências que aumentam o custo em mão-de-obra e desperdício de material), dimensionamento que torna extremamente simples colocação de esquadrias (portas e janelas), devido à construção com vãos nas medidas-padrão desses elementos. A elevada qualidade dos blocos produzidos sob normas rígidas no Brasil incentivou ainda a fabricação de materiais específicos de acabamento, como argamassas prontas, instalações hidrossanitárias modulares e padronizadas, escadas e outros elementos pré-fabricados. Equipamentos racionalizadores da construção, como carrinhos para descarregar blocos, carrinho porta-argamassa, gabarito para requadramento dos vãos, escantilhão, cantoneira para cantos internos e externos, plataformas para descarga, entre outros, tornou o trabalho dos operários mais seguro, preciso, ágil e com enorme produtividade e eficiência - com grande economia de horas trabalhadas e de materiais, produzindo edificações melhores, a custos menores.
A somatória desses elementos montou o alicerce para o enorme salto técnico-econômico no sistema construtivo de alvenaria estrutural com blocos de concreto. Hoje, o sistema é utilizado por grandes construtoras de todas as regiões do país - como Gafisa, Even, Cyrela, Camargo Corrêa, Goldztein, entre diversas outras -, que o utilizam em construções para a baixa renda, classe média e alto padrão, em casas térreas ou sobrados, e prédios de cinco a até 22 pavimentos. A construção empregando alvenaria estrutural com blocos de concreto tende a abolir a prática de erguer ´tijolo sobre tijolo´, que além do desperdício de materiais e mão-de-obra,encarece e torna morosa a prática construtiva.
Estudos realizados por engenheiros especializados em construção com alvenaria de renomadas universidades brasileiras, como a Escola Politécnica da USP, Universidade Federal de São Carlos-SP, Federal do Rio Grande do Sul, entre outras, comprovam que a alvenaria estrutural com blocos de concreto permite reduzir o custo das obras em até 30% (em torres de até 15 pavimentos), com ganhos ambientais, por praticamente não gerar rejeitos de canteiro e quase não utilizar fôrmas e escoras de madeira. As vantagens da construção com alvenaria estrutural com blocos de concreto ficam mais evidentes em empreendimentos de grande escala - alcançando até 10 mil unidades -, como deverão ser os destinados a atender à demanda gerada pelo plano habitacional do governo federal, que prevê reduzir em até 14% o déficit brasileiro de habitações (estimado em torno de 8 milhões de moradias), ou o equivalente a cerca de 1,1 milhão de residências. Por isso, basta fazer a conta: na ponta do lápis, para construir 1 milhão de moradias, com investimento de R$ 34 bilhões, em grande escala, com qualidade e economia - se em média reduzir-se em 20% o custo final da obra, serão economizados quase R$ 7 bilhões ou, em outras palavras, poderão ser construídas mais habitações, nesse montante. A alvenaria estrutural com blocos de concreto representa, sem dúvida, o melhor caminho para que o programa "Minha casa, minha vida" seja bem-sucedido e com a melhor relação custo-benefício para a sociedade brasileira, avaliam os especialistas - arquitetos, engenheiros, construtores e incorporadores e mutuários/compradores.