As enchentes que afetaram a vida dos paulistanos e de muitos brasileiros de diversos estados nos meses de dezembro e janeiro certamente se repetirão, se não forem tomadas providências estruturais para evitá-las. Entre outros fatores, os especialistas sabem que a crescente impermeabilização da cidade, com calçadas, praças e áreas internas de condomínios e casas tendo cada vez mais reduzidas suas áreas permeáveis (jardins, estacionamentos, pontos de passagem etc.), soma-se ao fato de que mais ruas são asfaltadas e os córregos canalizados. Como conseqüência, um volume maior de água vai para os córregos que, devido à canalização, também encaminham essa quantidade muito maior de água e em maior velocidade e ao mesmo tempo aos grandes rios - Tietê e Pinheiros, no caso de São Paulo -, tornando as enchentes, muitas vezes, uma tragédia praticamente inevitável.
A prefeitura paulistana lançou em novembro de 2009 um decreto (49.544/09) que busca a padronização e a reforma de calçadas em cerca de 600 km de rotas estratégicas da capital paulista e propõe a construção de 350 km de calçadas novas. Serão cerca de 300 ruas e avenidas a serem reformadas pela prefeitura, sob a orientação das secretarias municipais das Subprefeituras e da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida. A relação de calçadas divulgada pela prefeitura é resultado do Plano Emergencial de Calçadas (PEC), criado pela 14.675, de autoria da vereadora paulistana Mara Gabrilli. De acordo com a prefeitura de São Paulo, em 2005, com a publicação do decreto 45.904, que regulamenta o Programa Passeio Livre, a cidade passou a priorizar a acessibilidade e definiu os materiais permitidos para as reformas que são: o concreto moldado in loco, os blocos de concreto intertravado, as placas pré-moldadas de concreto e o ladrilho hidráulico. O decreto prevê ainda a readequação do mobiliário urbano, melhorando a drenagem e a livre circulação de pedestres.
Toda essa preocupação da prefeitura paulistana com a acessibilidade e a mobilidade urbana, que devem ser bem propiciadas pelas calçadas, é muito correta. Mas tanto a prefeitura quanto os empreendedores privados do mercado imobiliário, proprietários de imóveis comerciais, industriais e outros e síndicos de condomínios e proprietários de residências unifamiliares devem pensar em alternativas para aumentar a permeabilidade de nossas calçadas, praças e demais áreas que hoje estão sendo impermeabilizadas com concreto ou asfalto. Já existem no mercado brasileiros pisos intertravados de concreto com coeficiente de permeabilidade bastante elevado e que ajuda a infiltrar a água no solo, diminuindo bastante o volume de água que é conduzido aos córregos (canalizados ou não) e, por sua vez, destes aos grandes rios de nossas metrópoles.
Os pisos intertravados de concreto permeáveis unem em um só produto um conjunto de qualidades que os recomendam ao administradores públicos e privados, contratantes e especificadores (arquitetos, paisagistas, engenheiros) de obras de calçadas, praças e pavimentos internos de condomínios comerciais e residenciais: oferecem alternativas estéticas (cores e formas) que permitem projetar com beleza, obedecem a padrões de qualidade elevados e têm custo acessível, comparado a outras soluções. Representam portanto alternativa eficaz contra a impermeabilização do solo urbano e devem cada vez mais constar das possibilidades de uso em normas legais das cidades brasileiras.