Ser sustentável é uma postura de economia e responsabilidade socioambiental. O cenário atual é de crescente degradação do planeta, com ameaça de extinção de insumos naturais, somado ao aumento dos níveis de pobreza no mundo e, consequentemente, da possibilidade de crises sociais. O desafio em todos os setores da economia é estabelecer metodologias sustentáveis na cadeia produtiva para a redução dos impactos no meio ambiente e promover a integração social sem abandonar o crescimento e a competitividade de mercado.
Na construção civil, as edificações sustentáveis são uma evolução e seus impactos vão além do meio ambiente, provocando mudanças, também comportamentais, como a cultura do não desperdício, utilização racional de energia, uso de transportes alternativos com baixa emissão de poluentes e emprego de materiais reciclados, de reuso ou com madeira certificada.
Definimos como empreendimentos sustentáveis aqueles que, harmonizados com o meio ambiente e com a comunidade de sua influência, proporcionam o melhor retorno para seus investidores e proprietários e menores custos e melhor saúde, conforto e produtividade para seus ocupantes.
Espaço sustentável, racionalização do uso da água, eficiência energética, qualidade ambiental interna e sustentabilidade dos materiais. Estes são os cinco pontos principais quando falamos em certificação ambiental Leadership in Energy and Environmental Design (LEED), critério mais difundido no mundo para construções ambientalmente sustentáveis (Green Builiding). E, com certeza, podemos afirmar que um dos grandes desafios destes projetos refere-se a escolha dos materiais que serão utilizados nos empreendimentos, pois muitos terão impacto decisivo na sáude dos seus ocupantes.
Afinal, o objetivo de toda concepção dos prédios verdes é fazer com que haja melhores condições de salubridade e de qualidade de vida para os colaboradores, além da redução dos custos condominiais.
Mas, o mercado está preparado para atender essas novas necessidades? Como identificar produtos sustentáveis? São perguntas fundamentais nesse processo. Perguntas que também podem ser feitas em obras menores, como até a reforma de uma casa, que colocam novas premissas no dia-a-dia aos profissionais que atuam com projetos, construção e decoração.
Critérios são essenciais na escolha dos materiais. Afinal, existem no mercado muitos produtos que se auto-declaram ecológicos e, infelizmente, a descrição não condiz com a verdade. Além disso, muitas vezes, sustentabilidade é confundida com primitivismo e não é.
Produtos sustentáveis são aqueles que incorporam aspectos de responsabilidade social, ambiental e de saúde das pessoas. Além disso devem possuir custo-benefício similar ao de seus contratipos, isto é dos materiais de mesma aplicação, devem apresentar qualidade e durabilidade comprovada e trazer informações sobre o descarte e seu uso correto.
De fato, a tarefa requer muito empenho e preparo. Deve-se dar preferência por produtos com certificados e/ou atestados que garantam a sustentabilidade. Como exemplos, FSC (Forest Stewardship Council) para madeira, Selo Procel de Eficiência Energética, no caso de eletrodomésticos. O Selo SustentaX atesta a sustentabilidade de materiais para a construção, reformas e operação de edificações como adesivos e selantes, pisos elevados e vinílicos, metais sanitários, tecidos e tintas.
Hoje é muito comum ouvir dizer que ao se utilizar uma tinta, deve ser base água. Este conceito começa a ser difundido porque esses tipos de produtos podem conter componentes que emitem compostos orgânicos voláteis e que são prejudiciais à saúde humana. É correto pensar que uma tinta base água apresente realmente uma menor emissão de compostos orgânicos voláteis, se comparada às tintas base solvente. No entanto, é preciso ter consciência de que mesmo uma tinta base água pode apresentar emissão de compostos orgânicos voláteis; e assim, o mais indicado ao se escolher seria uma tinta sem solvente, que tivesse também a quantificação destes compostos comprovada e declarada.
Estas mesmas considerações valem para adesivos, selantes, impermeabilizantes, silicones, vernizes, emulsões asfálticas.
Para economia e racionalização do uso da água, recomenda-se utilizar torneiras com sensores e temporizadores, válvulas de descarga e de mictório com baixos volumes de descarga e ainda reguladores de vazão para chuveiros e torneiras, soluções que representam redução de gastos e do consumo desnecessário dos recursos naturais.
Na compra lâmpadas, é importante verificar se possuem o Selo Procel e os teores de mercúrio contidos na composição do produto e optar por aquelas que além de apresentar o menor teor deste metal, tenham instruções sobre o que fazer em caso de acidente e seus fabricantes e distribuidores se responsabilizam por recolher lâmpadas queimadas.
Para outros materiais como pisos, concreto, porcelanatos; que a princípio não apresentam nenhum impedimento, é interessante optar por fabricantes que utilizem materiais reciclados para compor o produto (sem, é claro, perder a qualidade), e que tenham a extração de matérias-primas e manufatura do produto nas proximidades da obra, reduzindo assim os gastos com transporte. É válido também optar por materiais que possam ser reciclados no futuro.
Diante da necessidade de lançar produtos cada vez mais corretos e sustentáveis, surgem a cada dia novas soluções. É importante, portanto, estar atento a estes produtos para checar as características de cada material e então optar pela melhor alternativa em oferta.