“As pessoas sofrem da mesma doença que os produtos. Elas tentam ser todas as coisas para todas as pessoas.”
Al Ries e Jack Trout (Posicionamento: a batalha por sua mente)
Gosto de estatísticas. Se usamos a informação para realmente pensar antes de agir, elas podem ser bem proveitosas, portanto, fiz uma breve pesquisa na web e levantei o seguinte:
- 18,9% da população mundial têm acesso à internet (cerca de 1,3 bilhões de pessoas)*;
- a língua portuguesa é a sétima mais usada na web*;
- há cerca de 1,2 milhões de domínios (nomes de sites) registrados no Brasil**;
- há mais de 10 milhões de páginas hospedadas na web brasileira (isso exclui as páginas em português - de empresas com origem no Brasil, ou não - e hospedadas fora do país)***.
De fato, a web se mostra um imenso mercado, tanto em potenciais oportunidades, quanto em nível de concorrência acirrada e passa por crescimento e mutação constantes. Mas isso significa que sua empresa ou mesmo você, seja profissional liberal ou funcionário, também deve ter um site e se fazer presente na web? A resposta é: depende! Depende, principalmente, do que você pretende tirar da web e de quanto pode investir para estar lá. Sem a correta visão a respeito destes dois pontos sua empresa, sendo uma loja, uma construtora, um consultório, um escritório, ou mesmo você como pessoa física representada por um blog ou um currículo na web, pode apenas estar jogando dinheiro ou tempo fora.
A internet pode representar uma nova mídia com amplo mercado de atuação, mas os mesmos princípios básicos de negócios aplicam-se a ela. Não há nenhuma fórmula vencedora pré-definida, o segredo para atrair e conquistar clientes ainda é o mesmo de sempre – construir relacionamentos e fazer com que as pessoas conheçam, gostem e confiem em você. Para usufruir dos tão propalados benefícios que a web pode trazer aos negócios é necessário traçar um bom plano no que concerne as ações em marketing. Vale lembrar que um plano de marketing, por mais simples que seja, deve endereçar os seguintes pontos: uma análise do mercado considerando público-alvo, concorrência, pontos fracos e fortes e as oportunidades e ameaças existentes, além dos objetivos, estratégias e ações de marketing a serem tomadas. Também vale a pena lembrar que esse ciclo de planejamento deve se repetir periodicamente e que, considerando a velocidade com que a web muda, o período não deve ser longo ou o site corre o risco de se tornar dinossáurico.
Para trabalhar um plano de marketing na web é preciso definir o real propósito do site. Um site de negócios pode ser de comunicação (ou de apresentação) ou gerador de leads (oportunidades de negócios ou novos prospectos). O primeiro dá suporte à comunicação e segue a mesma linha de marketing offline usada pela empresa ou pelo profissional: o endereço deve constar no cartão de negócios,resultando em uma versão online da papelaria impressa, acarretando em menor investimento para implantação e manutenção. Não é preciso fazer atualizações tecnológicas, assuntos como SEO (Search Engine Optimization ou otimização para engenhos de busca), conceitos de Web 2.0 (basicamente interação com os visitantes) ou qualquer outra novidade ou modismo. Esta modalidade traz pouco retorno, servindo como vitrine da empresa e dificilmente trazendo negócios.
O segundo tipo de site é conhecido como gerador de leads (oportunidades de negócios ou novos prospectos), que permite que outras empresas encontrem a sua ampliando a sua área de abrangência a quem interessa, pois deixa claro a proposição de valor e os benefícios oferecidos pela sua empresa. Os interessados no seu negócio entram em contato direto por meio do próprio site ou por telefone. Para atrair visitantes e obter novos contatos é preciso:
1) Uma estratégia para conseguir referências (links) para o site;
2) SEO e uma estratégia para anúncios online, já que para ser encontrado entre mais de 10 milhões de páginas é preciso se destacar. Umas das formas de fazer isso é ter um site otimizado para os engenhos de busca. As técnicas envolvidas englobam a programação,a criação do conteúdo de forma profissional, podendo contratar anúncios em sites específicos e links patrocinados. Para um resultado efetivo, o aconselhável é investir nas duas linhas de forma equilibrada (veja abaixo);
70% dos cliques nos resultados de busca são gerados nos resultados naturais;
64% dos usuários de sites de busca não passam da primeira página de resultados;
90% dos usuários de sites de busca abandonam uma busca se não encontram o que procuram nas três primeiras páginas;
55% dos usuários de sites de busca clicam em apenas um resultado;
80% clicam no máximo em três.
3) Conteúdo atraente e motivador; o tempo médio de visita a um web site é de 68 segundos, diante deste fato é preciso uma estratégia para ampliar o tempo de permanência no site. A melhor solução é oferecer conteúdo de interesse como informação relevante e exclusiva, deixando claro aquilo que a empresa pode oferecer (senão o visitante partirá em menos de 68 segundos). Tendo conquistado a atenção do internauta, desperte nele o interesse de entrar em contato de maneira facilitada e com prontidão. Caso a demanda ultrapasse o que a empresa pode responder, envie uma resposta automática, mas não deixe de enviar a resposta personalizada depois, esclarecendo todas as dúvidas. Se existe algo que irrita em um site é tentar se informar sobre produtos e serviços e cair num silêncio eterno.
Dependendo do negócio, talvez seja interessante que o site funcione também como um canal de vendas. Neste caso, além de tudo o que já foi exposto, a empresa ou profissional precisará criar incentivos a compra com um bom conteúdo associado a campanhas e promoções de venda, bem como à estratégia de exposição e busca. O consumidor da web tem expertise em compras e em pesquisar produtos e ofertas, dificilmente comprando por impulso, precisando ser persuadidos a comprar antes de sair do site (a taxa de abandono de compras em sites é maior do que a de efetivação da compra). É importante também ter as ferramentas certas para facilitar o pagamento, o esclarecimento de dúvidas e o gerenciamento da base de dados de clientes. Vender na Internet não é tão fácil, mas vale a pena e dá retorno se o investimento correto for realizado (como ocorre, aliás, em qualquer setor de negócios e com qualquer canal de vendas).
Há também o site criado apenas para satisfação própria, hobby ou diversão. Até ele pode gerar resultados, se o hobby for comum a muitos, se houver espaço para anúncios relacionados ao tema e se os visitantes clicarem nestes (só assim os anunciantes pagarão). Não é fácil, mas alguns sites e blogs vivem disso.
É claro que um site pode ser uma mistura de alguns ou de todos esses tipos, o que importa mesmo é definir o propósito e o modelo de negócios dele, evitando assim, desperdício de tempo e dinheiro. Após isso, a empresa ou profissional estará melhor preparado para definir o valor do investimento e o grau de preparo em especificar tudo o que o site deve ter, definindo os melhores parceiros para a execução do todo, ou de cada uma das partes e para gerenciar que a qualidade entregue seja aderente àquela desejada. Ah! E não se esqueça de monitorar as estatísticas do site permanentemente, elas poderão lhe mostrar novos caminhos e estratégias para pôr em prática e, conseqüentemente, reiniciar o ciclo aqui descrito. De fato, gosto muito de estatísticas!
*Fonte: Internet World Stats
**Fonte: Registro.br
***Fonte: Google