Guindaste móvel sobre esteiras pode movimentar cargas a longo alcance
Com lança treliçada ou telescópica, o guindaste móvel sobre esteiras está cada vez mais atuante nos canteiros do País. Máquina consegue operar em terrenos acidentados
Para atender à demanda nas obras brasileiras por equipamentos mais efetivos, o guindaste móvel sobre esteiras se destaca pela capacidade operacional e pela versatilidade adequada ao mercado nacional. Trata-se de uma máquina que possui lança treliçada ou telescópica com acionamentos mecânicos, elétricos ou hidráulicos e conta com alta capacidade de movimentação de carga e longo alcance. É indicada para operações de montagem de torres eólicas, caldeiras, pré-moldados, estruturas metálicas e silos, bem como para atividades em petroquímicas, barragens, usinas, mineradoras, estaleiros, manutenção industrial, entre outros.
No entanto, devido ao grande tamanho e ao peso, é bastante difícil articular uma logística de transporte para uma máquina dessas já pré-montada. Na maioria dos casos, os componentes são transportados separadamente e a montagem é realizada no próprio canteiro. A maior vantagem do guindaste sobre esteiras em relação aos outros tipos é a sua facilidade de locomoção em superfícies irregulares e terrenos de difícil acesso. As esteiras fundamentalmente são responsáveis pela estabilidade do guindaste e permitem a sua operação sem o uso de suportes.
Adicionalmente, o giro da cabine simultâneo ao movimento vertical da lança permite constante visualização da carga içada pelo operador. A rotação, responsável pelo deslocamento horizontal, é dada pelo movimento das esteiras, sobre as quais o guindaste é montado.
Hoje, atendendo a algumas solicitações dos usuários de guindastes, os fabricantes já começam a considerar a simplificação da tecnologia embarcada para promover melhor interface com os operadores, tornando a parte eletrônica mais assimilável e com manutenção menos onerosa.
Se esses dispositivos forem muito sofisticados, nem todos os países conseguirão utilizá-los, além de isso tornar o equipamento mais suscetível a panes quando trabalha em regiões com diferenças climáticas, como o Amazonas ou mesmo cidades litorâneas, que são úmidas e deterioram a parte eletrônica.
Histórico
A ideia de mover cargas além da capacidade humana já era concebida na Idade Antiga por gregos e romanos, porém não há registros anteriores ao século I a.C. A maior parte do conhecimento sobre guindastes antigos vem de escrituras do arquiteto romano Vitrúvio (século I a.C.) e do engenheiro grego Heron de Alexandria (século I d.C.).
Mas foi na Alta Idade Média que os primeiros guindastes portuários apareceram de vez na Europa. Essa versão primitiva foi construída sobre torres de pedra para estabilidade e capacidade extras com a finalidade de permitir que fossem realizados carregamentos, descarregamentos e construções de embarcações. As gerações seguintes evoluíram pouco até a chegada da Revolução Industrial, quando a produção com ferro fundido e aço se consolidou no mundo.
Os primeiros guindastes sobre esteiras foram lançados já no século XX, em meados de 1920.
Hoje, eles são amplamente utilizados por diversos segmentos, principalmente na construção civil. No Brasil, há uma tendência maior para a compra de guindastes sobre rodas, diferentemente do que acontece nos Estados Unidos. Porém, com a demanda crescente por obras nos últimos anos, abriu-se um terreno fértil para essa nova frota, o que levou muitos fabricantes internacionais a investir pesado na distribuição dessas máquinas sobre esteiras no país.
Presença nacional
Liebherr
Para serviços especiais de içamento, a Liebherr oferece a série LR de guindastes de lança treliçada com carro inferior sobre esteiras. De acordo com o fabricante, essa classe de capacidade de carga abaixo de 300 toneladas destaca-se pela funcionalidade, pelos pesos baixos no transporte, pela automontagem rápida, pela capacidade de carga ao longo de toda a área de trabalho, bem como por possuir informações abrangentes de operação.
Os guindastes sobre esteiras de maior porte, com capacidade de içamento de até 1.350 toneladas, podem alcançar alturas de içamento de até 223 metros e raio de alcance de até 152 metros. O modelo LR 11350, com capacidade de 1.500 mil toneladas e 114 metros de altura (o equivalente a um edifício de quarenta andares), é considerado um dos maiores guindastes em operação no Brasil.
Kobelco
A Kobelco iniciou suas atividades no Brasil no início de 2011, utilizando-se da estrutura comercial e de pós-vendas da empresa Rimac. Seus guindastes são fabricados no Japão e já integram frotas de empresas brasileiras como as das construtoras Andrade Gutierrez e Norberto Odebrecht, Tomé Equipamentos e Transportes, BSM Engenharia, Transdata Movimentação de Cargas Complexas e Mammoet-Irga Brasil.
Um dos destaques da fabricante japonesa é o modelo SL6000 (600 toneladas), que dispõe de um guincho de içamento da lança montado sobre um mastro a fim de minimizar o trabalho de montagem e desmontagem, assim como reduzir o peso de transporte. Essa máquina também apresenta dispositivos de segurança, ampla cabine, que favorece a visibilidade, e alta resistência estrutural com peso reduzido. A empresa destaca a manutenção simplificada do SL6000 como um diferencial.
Manitowoc
A Manitowoc Cranes fabricou seus primeiros guindastes sobre esteiras de lança treliçada em 1925, no estado de Wisconsin (EUA). Devido ao fato de esses equipamentos serem conhecidos antigamente como speedcranes e ao pioneirismo inventivo da empresa em seu país de origem, o nome dela tornou-se uma atribuição genérica a esse tipo de guindaste.
No Brasil, a companhia está presente há vinte anos, com escritórios regionais em diversos estados. A fábrica de Passo Fundo contou com investimentos de 75 milhões de dólares para sua abertura. É a primeira unidade industrial a fabricar os próprios guindastes no país. O M18000, modelo de 800 toneladas, é um dos gigantes da fabricante, e atua em obras como as da Petroquímica Suape, em Recife (PE), e do Estaleiro Atlântico Sul, também nas proximidades da capital pernambucana.
Sany
Com a grande demanda nas obras brasileiras por equipamentos sobre esteiras, os guindastes da Sany estão presentes em empreendimentos importantes como a construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), localizado na cidade de Itaboraí (RJ), e nas obras do Complexo Industrial Superporto do Açu, no município de São João da Barra, também em território fluminense.
A Sany do Brasil aposta nos equipamentos comcapacidade de içamento entre 100 e 650 toneladas para operações em construção civil, siderurgia, mineração, petróleo e gás, parques eólicos, entre outros segmentos. Nesse contexto, o destaque fica com o SCC2500C, com capacidade de içamento de cargas de 260 toneladas e que já é empregado em obras brasileiras.