No âmbito da saúde, uma prática muito observada no Brasil é a automedicação. Para resolver um problema, a pessoa se dirige à farmácia e, sem prescrição médica, adquire os medicamentos que, em seu entendimento, irão aliviar os incômodos que a afligem.
São cada vez mais difundidas as consequências graves que a automedicação pode trazer para quem a pratica. Dentre outros efeitos negativos estão a ocultação de sintomas e a combinação inadequada de drogas.
As edificações também sofrem exatamente do mesmo problema: são “automedicadas” por seus usuários. Basta que se troque a palavra farmácia por loja de materiais de construção e se substitua receita médica por projeto e especificação e se estará face-a-face a inúmeras tentativas empíricas de se solucionar manifestações indesejáveis nos mais diversos tipos de construções.
São observadas “automedicações” em todos os tamanhos, tipos e padrões de imóveis. Do mais simples barraco ao escritório em edifício de alto padrão, nenhuma construção está imune a essa terrível prática.
São exemplos de automedicação encontrados com muita frequência:
Essas providências podem até afastar dos olhos manifestações patológicas não agradáveis, mas não eliminam suas origens. Muitas vezes as patologias são até agravadas ou continuam a se desenvolver de forma oculta e, de um momento para o outro, se manifestam com intensidades tão relevantes a ponto de levar a construção à ruína. À morte.
Cabe ressaltar que as manifestações patológicas não ocultadas podem funcionar como indicadores das reais condições de segurança, além de fornecerem pistas para o diagnóstico de sua origem, outra razão para não serem escondidas.
Ainda usando a analogia com a medicina, edificações também são vítimas do uso de vitaminas e anabolizantes não prescritos.
De um simples benjamim, para ampliar a quantidade de tomadas em um ambiente, à colocação de caixas d’água adicionais, ou até a construção de pavimentos extras sem quaisquer projetos e análises, nossas construções são submetidas a muitas intervenções que podem equivaler a doses letais de suplementos hormonais.
Neste cenário, deve se estar sempre muito atento com as intervenções feitas nas edificações, pois a falta de corretas prescrições, ou a realização de intervenções sem respeitar a boa técnica, pode ter consequências graves, tanto para os edifícios, como para seus usuários.