Quando Jucelino Kubitscheck decidiu construir Brasília, na década de 1950, o Brasil vivia um período de grande euforia. Um período de grandes investimentos em obras de infra-estrutura: estradas, pontes, barragens, saneamento básico, redes elétricas... A Engenharia e a Arquitetura brasileiras viviam seu período de ouro!
Quando o governo mudou-se do Rio de Janeiro para o Planalto Central a cidade iniciou um longo período de decadência. Perdeu o status de Capital da República, depois perdeu a sede das principais empresas estatais, perdeu a sede do conselhos profissionais, perdeu o comando das forças armadas. Perdeu uma legião de intelectuais com altíssimo padrão de vida.
Manteve a fama de capital cultural, mas começou a ver esse monopólio dividido com São Paulo, Belo Horizonte e Salvador.
No futebol, onde sempre reinou absoluta, amargou um esvasiamento gradativo até chegar à situação de indigência dos dias atuais.
A irreverência dos cariocas e a idolatria do jeitinho, da marra e da malandragem acabaram produzindo governantes esquisitos ou irresponsáveis (ou as duas coisas), que perderam o controle sobre o espaço urbano e sobre os destinos da cidade.
Assim, de perda em perda, o Rio de Janeiro chegou a esse 2 de outubro de 2009, quando uma conjunção de fatores e acontecimentos acabaram por dar ao Rio de Janeiro um grande presente: a oportunidade de se reinventar. A oportunidade de voltar a ser a cidade que era até a década de 1950.
O direito de sediar os Jogos Olímpicos de 2016 (e, no meio do caminho, a Copa do Mundo, cuja final será realizada no Maracanã) representa, para o Rio de Janeiro uma chance de enfrentar todos os fantasmas que têm assombrado os cariocas e brasileiros nesses últimos 50 anos.
Nesses próximos 7 anos o Rio de Janeiro se verá diante de desafios do tamanho que os cariocas merecem. Desafios que motivarão as melhores cabeças da cidade para a ação. Desafios do tamanho que o Rio de Janeiro não enfrentava desde 1950, quando o Brasil foi sede da Copa do Mundo.
Parte importante desses desafios são de Engenharia e de Arquitetura.
Engenheiros e arquitetos precisam tomar a frente e a liderança nesse processo. Precisam assumir a posição de elementos pensantes, elaboradores e proponentes das soluções.
A Arquitetura e a Engenharia do Rio de Janeiro e do Brasil não podem ser meros executores das idéias dos outros. Nós, melhor do que muita gente, estamos preparados para esse desafio. Precisamos, como se diz no linguajar do esporte, chamar para nós essa responsabilidade.
Sete anos pode parecer muito tempo. Mas o futuro, para nós, engenheiros e arquitetos, é apenas "matéria prima". É o nosso objeto de estudo e trabalho. Engenheiros e Arquitetos vivem de antever e forjar o futuro. Afinal, como disse o Engenheiro Marcos Túlio, no seu discurso de posse como presidente do Confea, "o que é um projeto técnico senão uma maneira que o homem inventou para criar as condições do futuro desejado?"
E o futuro desejado para o Rio de Janeiro, por paradoxal que seja, é voltar ao passado: um tempo em que a cidade era não apenas maravilhosa. Era acima de tudo rica, respeitada e sustentável.